Olha a bela da sardinha… bordaliana!

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PGC-SardinhasBordalo3Junho é o mês dos Santos Populares e na noite de sexta-feira, dia 12, as ruas estreitas dos bairros de Alfama, Bica, Madragoa, Graça e Mouraria encheram-se de visitantes para celebrar o Santo António. Uns lisboetas, outros não, todos procuraram divertir-se ao som da música popular e ao sabor da sardinha assada.

Mas este ano, em Lisboa, houve outras sardinhas que deram que falar. As 22 sardinhas da colecção “Sardinha by Bordallo Pinheiro”, apresentadas na exposição “Vivinha a Saltar! – As Varinas na obra de Bordalo e As novas Sardinhas de Bordalo” podem ser visitadas até ao próximo dia 21 de Junho no Museu Bordalo Pinheiro. Deste “cardume” faz parte a tradicional sardinha de Bordalo, criada ao estilo naturalista, e 21 novas sardinhas, modelos cerâmicos elaborados a partir dos desenhos vencedores das várias edições do “Concurso de Sardinhas das Festas de Lisboa”, que se realiza desde 2003. A colecção resulta da colaboração entre a Fábrica Bordallo Pinheiro e a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa).

Apesar do seu estilo contemporâneo, as novas sardinhas remontam à tradição portuguesa graças aos temas que ilustram. É o caso da sardinha “Amparo”, fadista de alma e coração, da “Preia-Mar”, uma alusão à pesca e à grandiosidade do mar, por onde os marinheiros portugueses cedo se aventuraram, da sardinha “Farol”, inspirada nos faróis da costa portuguesa, da “Correio”, que recorda o gesto de escrever e enviar uma carta, cada vez mais esquecido, e da “Dizeres”, que nos transporta à tradição oral dos pregões, esboçando as expressões típicas das vendedoras de peixe.

A cidade de Lisboa é também motivo de inspiração das sardinhas “Tejo”, um tributo ao rio da capital, “Santa Justa”, que retrata o mítico elevador da baixa lisboeta e “Noiva”, uma homenagem a todas as noivas de Santo António, o “santo casamenteiro” na tradição popular alfacinha.

Rita Gomes, natural de Lisboa, descobriu a exposição quando procurava eventos que pudesse fotografar, a propósito de um trabalho para uma cadeira do curso Ciências da Comunicação, que frequenta. Contudo, o contacto com a louça de Bordalo Pinheiro começou em criança.

 “Lembro-me de ver várias louças em casa, uma rã e um cinzeiro em forma de couve, que os meus pais compraram nas Caldas”, afirmou a jovem estudante à Gazeta das Caldas. Desde os doze anos que participa nos festejos dos Santos Populares e recorda-se dos desenhos de sardinhas que circulam nessa altura, fruto do “Concurso de Sardinhas”, mas não sabia que tinham sido adaptados para a cerâmica, muito menos que o modelo de referência para a sua construção era a tradicional sardinha de Bordalo. Daquilo que viu, Rita Gomes salienta “as sardinhas que simbolizam os ícones portugueses, como o farol ou o carapau”.

As novas sardinhas de Bordalo, à semelhança das louças produzidas pela Fábrica de Faianças das Caldas, são concebidas à mão, tendo um custo que varia entre os 18,90 euros, no caso da aquisição de uma só sardinha, aos 34,90 euros, na compra de um conjunto de duas sardinhas. Vendidas em embalagens que imitam papel de jornal ou latas de conserva, as novas sardinhas fazem as honras a um dos pratos obrigatórios no Verão, a sardinha assada na brasa.