Saramago já mora em Óbidos

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Gazeta das Caldas
Celeste Afonso, Pilar del Rio, Humberto Marques, Jorge Leonardo e José Pinho | Fátima Ferreira
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O Dia Mundial do Livro (23 de Abril) foi assinalado em Óbidos com a abertura da Casa Saramago, numa parceria entre a Fundação do Nobel da Literatura e a Óbidos Cidade Criativa da Literatura da UNESCO, que ali também está sediada. “É uma honra para a fundação José Saramago vir ao coração do centro do Portugal”, disse a sua presidente, e viúva do Nobel, Pilar del Rio, acrescentando que a casa deve “ser um mapa que cada dia se pode escrever de uma maneira distinta”.
O espaço multifuncional e multicultural acolherá exposições, lançamentos de livros, filmes, espetáculos, workshops e é composto por um auditório e biblioteca e sala de leitura.

“Nos próximos tempos aqui poderemos ouvir poesia, música, teatro e ter exposições, que são a manifestação profunda do que são os seres humanos”. As palavras são de Pilar del Rio que referiu ainda a possibilidade dos dois milhões de visitantes anuais da vila poderem também entrar nesta casa e nela encontrarem livros e filmes de Saramago em vários idiomas. O escritor é um dos autores portugueses mais traduzidos no mundo.
A programação ainda não está fechada, mas a responsável disse que o objectivo é levar a Óbidos “muita da programação da Casa dos Bicos, numa versão adaptada à sua dimensão”. Por ali passarão parte das exposições rotativas da Fundação, sobre a obra de Saramago, assim como a apresentação de peças de teatro, eventos musicais e outras iniciativas que façam a palavra circular. De acordo com Pilar del Rio, a programação não se resume à “palavra de Saramago”, lembrando que o último trabalho apresentado na Casa dos Bicos não esteve directamente relacionada com a obra do Nobel português.
Da colaboração entre a Fundação e a Óbidos Vila Literária nascerá o programa a desenvolver até ao final do ano, mas Pilar del Rio adianta que poderá passar por Óbidos uma exposição que reunirá frases de 23 autores galardoados com o prémio Nobel, tanto na literatura como na música.

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“Lugar de permanente criação”

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, esteve para vir à inauguração, mas não pôde estar presente por questões de agenda. Fez-se representar pelo chefe de gabinete, Jorge Leonardo, que leu uma mensagem do governante que destaca Óbidos como um “exemplo da relação perfeita que é possível ter e aprofundar entre o património e o valor cultural e intemporal do livro e da leitura”. Referindo-se à Casa Saramago, o governante referiu que será mais um lugar de “permanente criação que ultrapassará as fronteiras de Óbidos”.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, disse que aquele não pretende ser apenas um espaço de memórias, mas um local onde haja um permanente processo criativo com a presença de escritores do presente, e de várias línguas, de modo a captar também novos leitores.
“Para nós o livro é uma porta que se abre ao mundo”, disse o autarca, que aposta na cultura como o motor de desenvolvimento e afirmação daquele território. E deixou pedidos ao governo: “também precisamos que o Ministério da Cultura olhe para esta estratégia não como de Óbidos, mas do país”.
O designer Jorge Silva, autor do conceito da Casa Saramago em Óbidos, referiu que o mobiliário e a decoração das paredes “são muito singelos”. Disse ainda tratar-se de um trabalho de continuidade e que a “verdadeira mobília vai aparecer depois -serão as pessoas que a vão habitar, ler e aprender”
Localizada na antiga Galeria do Pelourinho, a Casa Saramago tem diversos espaços, como loja, galeria, sala de leitura e biblioteca, auditório e a sede de Óbidos Cidade Criativa da Literatura.

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