SIPO – os 20 anos de um evento que traz a Óbidos grandes vultos do piano

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Gazeta das Caldas

sipoAté 13 de Agosto a música está na vila. A SIPO – Semana Internacional do Piano de Óbidos comemora este ano duas décadas de existência e traz novamente grandes personalidades do mundo da música que durante quase duas semanas dão formação a jovens pianistas de vários cantos do mundo e proporcionam concertos abertos ao público melómano.

Um projecto que começou devagar, ganhou maturidade e está muito internacionalizado, mas sempre com a mesma qualidade. É assim a SIPO nas palavras da sua mentora, a pianista Manuela Gouveia.
A responsável destaca o esforço que tem sido feito para lançar o nome de Portugal, do ponto de vista artístico, para o estrangeiro. Este ano participam na SIPO cerca de 30 jovens, sobretudo da Europa e ainda da Austrália, China, Coreia, Brasil e Chile.
Os cursos estão abertos não só aos participantes mas também a todo o público exterior que queira assistir, como ouvinte. A responsável nota que tem-se verificado uma adesão cada vez maior, mas considera que ainda “poderiam ser mais os melómanos a assistir e a aprender com os grandes pedagogos”.
A comemorar 20 anos, a SIPO deverá ter continuidade e, se possível, crescer ainda mais. “Espero que cada vez haja mais os jovens portugueses tenham oportunidade de aproveitar o máximo e que o projecto continue a crescer”, disse, fazendo notar que as inscrições têm um preço muito módico em relação à qualidade da formação, quando comparado com outros programas semelhantes que se realizam no estrangeiro. “Fazemos todos os esforços para não aumentar”, disse sobre a formação, cujos preços se situam entre os 650 euros e os 1210 euros, este último com alojamento, transporte e refeições incluídas.
As aulas são garantidas por um grupo de pedagogos de renome internacional, alguns deles a participar no evento há vários anos, como é o caso do austríaco Paul Badura-Skoda, do brasileiro Luiz Moura Castro e do russo Boris Berman. Este ano estão também em Óbidos o professor e pianista japonês, Jun Kanno, o espanhol Josep Colom, e o português Artur Pizarro, que no ano passado veio fazer um recital e este ano está também a leccionar nas masterclasses.
Jun Kanno dará um concerto amanhã, 8 de Agosto, onde interpretará composições de Haydn, Mozart, Debussy e Messiaen, e no domingo, será a vez de Josep Colom subir ao palco da Casa da Música para tocar obras de Mompou, Falla e Wagner.
Ainda na tarde de domingo, pelas 17h00, o historiador Pedro Canavarro dará uma conferencia subordinada ao tema “Mediterrâneo, que Mare Nostrum?”
O português Artur Pizarro encerra o evento a 13 de Agosto, num recital com obras de Schumann, Brahms e Kreisler/Rachmaninoff.
A SIPO tem um investimento global de cerca de 65 mil euros e conta com o apoio da autarquia de Óbidos (apoio logístico e 12,5 mil euros) e da secretaria de Estado da Cultura (15 mil euros). Mas a maior parte deste valor (cerca de 58%) é garantido pela associação com as inscrições dos estudantes. Manuela Gouveia destaca, por outro lado, o valor acrescentado que o evento traz para a economia local. Um estudo feito pela associação no ano passado revela que esse valor “ultrapassa os 100 mil euros”, e que se traduz em compras feitas na região, estadias em hotéis, restaurantes e participação em algumas actividades turísticas.
Este ano o evento integra também a exposição de gravuras de Vieira da Silva. Manuela Gouveia destaca que se trata de um reconhecimento da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva para com  o trabalho feito pela SIPO e que lhes dá a convicção de que “vale a pena continuar”.