A exposição de fotografia “Olhar outros Olhares” do caldense João Martins Pereira encerrou no Museu do Ciclismo no domingo, 26 de Julho.
No dia anterior, a sala principal do museu encheu-se de gente para assistir a uma partilha de ideias entre o fotógrafo, o investigador João Serra, o actor José Carlos Faria e o director da Gazeta das Caldas, José Luís Almeida Silva. João Martins Pereira apresentará em breve uma nova exposição onde vão estar os contextos e o quotidiano dos retratados.
O investigador João Serra e o actor, amigo do fotógrafo, José Carlos Faria foram dois dos convidados para a conversa em volta da sua exposição “Olhar outros Olhares”.
O ambiente informal contribuiu para uma boa troca de impressões e sensações em volta das imagens e de aventuras que a todos sucede quando se viaja.
Em debate, esteve o facto de Martins Pereira ter colocado o foco nos rostos e nas expressões dos retratados. O autor seleccionou gente de todo o mundo e o critério para a escolha foram as emoções que estas despertam no público.
Ao longo da conversa foram igualmente referidos grandes nomes da fotografia nacional e internacional como Gerard Castello-Lopes e Henri Cartier-Bresson.
José Luís de Almeida Silva, o director da Gazeta e moderador desta conversa colocou-se na posição de retratado e diz que não sabe qual seria a sua reacção se um estrangeiro o quisesse fotografar por ser um caldense.
Há, porém, lugares do mundo em que é condição sine qua non pagar ao chefe da aldeia para se poder retratar os seus habitantes.
Em contrapartida, há outros locais em que assim que se aponta uma objectiva, “os retratados vão chamar os seus familiares e amigos para que possam ser todos registados para a posteridade”, contou Martins Pereira.
Também houve a partilha de experiências com o viajante Vítor Batista e com o fotógrafo Vasco Trancoso. Este último trouxe a debate a questão da assinatura da fotografia, isto é, quando se olha uma imagem e se reconhece o seu autor.
E como “Olhar sobre Olhares” não se dedica à fotografia documental ou antropológica, mas sim ao retrato, “não há nas imagens qualquer evocação sobre as terras por onde o viajante passou”, disse João Serra. O convidado salientou que os “trunfos”, as lembranças e até as máquinas fotográficas usadas nas viagens (que estiveram durante a mostra numa montra paralela à exposição) eram mais evocativos de outras paragens. E se desta vez não foram dadas notas sobre os contextos e os quotidianos dos retratados, José Luís Almeida Silva fez o desafio ao fotógrafo de apresentar uma nova exposição.
No final o autor disse à Gazeta que aceita realizar uma nova mostra acrescentando que para si, “não é importante mostrar imagens bonitas ou postais ilustrados”. Na sua opinião, o núcleo de imagens a apresentar “deve ter coerência entre si e permitir uma leitura de conjunto e sequencial”, rematou.
Esta exposição fez parte da programação de celebração dos 90 anos da Gazeta das Caldas.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt