“Vidas Instáveis” marcaram arranque do quinto aniversário da Eira Branca

0
454

castanheiraO escritor Mega Ferreira e o pintor João Queirós estiveram no sábado, 8 de Novembro, no Casal da Eira Branca (Infantes), para mais uma conversa sobre livros. A obra “Vidas Instáveis” escrita pelo primeiro e com pinturas do segundo, foram o mote para mais umas Conversas Sobre Livros de Cabeceira, iniciativa que liga o turismo rural caldense à editora Abysmo. O debate, que foi moderado por João Paulo Cotrim, da editora, começou ao final da tarde e estendeu-se até ao serão.

“Este é um livro de ensaios biográficos de personagens que me fascinam”, disse o escritor à Gazeta das Caldas referindo-se a Leonardo da Vinci, Marylin Monroe, ou Frei António das Chagas, que fazem parte do livro. “São vidas que têm em comum um princípio de instabilidade”, acrescentou, explicando que os ensaios se referem a personalidades “que andaram um pouco aos baldões nas suas vidas”.
Alguns dos textos já tinham sido publicados na revista Egoísta (que já não se edita) e outros foram feitos para este livro, editado pela Abysmo. A ilustração, essa, ficou a cargo de João Queirós, pintor especialista em paisagem que criou uma pintura para cada uma das personagens que pertencem a “Vida Instáveis”. “A própria escolha das cores tem a ver com cada uma das personagens”, comentou o escritor, exemplificando com a escolha de tons muitos escuros para caracterizar Balzac e claros para retratar Maryln Monroe.
João Queirós considerou que criar pinturas para este livro foi “um bom desafio” pois “proporcionou-me uma grande liberdade para o fazer”.
O pintor já realizou uma grande exposição no Atelier-Museu António Duarte, no ano 2000, que integrou 180 desenhos seus, realizados a carvão. Entre os últimos desafios colocados a este artista plástico, contam-se os cenários para o último filme de João Botelho, “Os Maias”. À Gazeta contou que “foi uma encomenda, que teve que ser feita num curto espaço de tempo”.
A tertúlia teve início por volta das 18h00 e decorreu até ao serão. A literatura e a pintura foram o mote, mas muito mais temas acabaram por vir à baila e desde as questões da edição, da distribuição e da comercialização dos livros, tudo serviu para manter muito animado o convívio cultural.
Como sempre, os anfitriões, Jacinto e Cila Gameiro, oferecem o caldo verde, pão quente com chouriço e outras iguarias, tais como as tradicionais castanhas assadas próprias desta época.
O serão foi ainda animado musicalmente pelo grupo de jazz caldense que inclui Catarina Branco (bateria), Nádia Schilling (voz e contrabaixo), Sabina Louro (contrabaixo), Raquel Pimpão (piano) e João branco (guitarra). Este grupo, que une vários alunos do Conservatório das Caldas da Rainha, dedica-se ao jazz e apresenta nas suas actuações originais e versões deste género musical.
O turismo rural da Eira Branca está a celebrar cinco anos. Depois dos Infantes e de Óbidos está agora a estender o seu conceito também a Lisboa, onde já possui dois apartamentos, um junto ao Castelo e um outro próximo da Sé. Todos com vista sobre o rio e o casario de Lisboa. Segundo Jacinto Gameiro, o aniversário da unidade de turismo rural vai ser comemorado ao longo do ano, com várias iniciativas, entre elas, a finalização de uma obra de cerâmica de Herculano Elias.

Mega Ferreira foi repórter no Festival Anti-Nuclear

Viviam-se os dias de 1978 e Mega Ferreira veio às Caldas fazer a reportagem sobre o Festival Anti-Nuclear que aconteceu no Parque D. Carlos I e que foi organizado pela Gazeta das Caldas. Eram os dias de luta contra a instalação da central nuclear em Ferrel, e  o então jovem repórter recorda-se que se  viviam momentos quentes, marcados pelo início da vivência democrática no país.
Era repórter da ANOP, antecessora da Agência Lusa e veio cá fazer a cobertura do festival. A reportagem foi posteriormente publicada na revista Opção.  Em relação ao festival, o escritor recorda-se que este decorreu “no Parque, num grande clima festivo com as pessoas a manifestarem-se contra a construção da central nuclear de Ferrel”.
Como em vários eventos congéneres que aconteceram naquela época, Mega Ferreira recorda que nela participou uma grande mistura de gente de vários pontos do país. A ideia que guarda desse trabalho “é de um ambiente festivo e de grande mobilização”, disse.
Ao longo dos anos Mega Ferreira regressou às Caldas várias vezes, uma das últimas para acertar com a vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, os concertos da Orquestra Metropolitana de Lisboa no CCC. Sobre este equipamento, Mega Ferreira afirmou que este é “um espaço extraordinário, com boas condições técnicas, apesar de alguns problemas de contiguidade em relação aos espaços”, rematou.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt