O derby do Oeste foi decidido a sete minutos do fim com um lance de bola parada. Torreense e Caldas proporcionaram um jogo digno de rivais. Os alvinegros estiveram melhor na segunda parte mas faltou golo.

Foi numa altura em que o Caldas sentia que podia ganhar o jogo que o Torreense acabou por chegar ao triunfo neste que é o encontro entre os dois clubes com maior rivalidade no Oeste. O derby não foi espectacular, mas foi um jogo digno da história destes dois clubes centenários, disputado com grande entrega, com muitos duelos na zona de meio campo e muito público nas bancadas, perto das mil pessoas.
Após a mais convincente das quatro vitórias no campeonato, o Caldas não tinha motivos para alterar a fórmula para este encontro. A única mudança ocorreu no banco de suplentes, onde se sentava pela primeira vez o reforço Hugo Neto, por troca com o júnior Matheus Palmério.
Em campo os pelicanos mantinham a forma aguerrida que tinham aplicado no encontro anterior. Um jogo dinâmico, embora mais concentrado na zona central do terreno por força do maior poderio do Torreense face ao Mação.
As equipas jogavam em sistemas idênticos, com apenas uma nuance em relação ao jogador que actuava nas costas do ponta-de-lança. Ao passo que Bonifácio, do Torrense, ficava mais fixo na frente, Leandro Vilas Boas procurava maior protagonismo na construção de jogo do Caldas.
Apesar de ter muita tracção pela zona central, isso não impedia que o jogo caldense tivesse muita lateralidade. De resto, este foi possivelmente o Caldas desta época com mais capacidade para ir à linha cruzar, com Flávio Passos a destacar-se nessa função. Numa primeira parte de muitos equilíbrios, foi mesmo o lateral o protagonista do lance mais perigoso do primeiro tempo para o Caldas. Lançado por Januário, foi à linha fazer um passe rasteiro que apanhou Rafael Silveira ligeiramente atrasado para o desvio.
Na resposta o Torreense também por muito pouco não marcou. Na sequência de um canto, Fábio Santos rematou de primeira, a ponta da luva de Luís Paulo evitou o golo.
Estes foram então os dois lances capitais de um primeiro tempo em que as defensivas dos dois conjuntos acabaram por controlar os ataques.
Na segunda parte a “luta” dos bancos animou a partida. Rui Narciso colocou em campo Mamadu Camará para dar fulgor ao ataque do Torreense. José Vala colocou em campo Farinha no lugar de Cascão, que saiu tocado. Foi o Caldas que respondeu melhor e começou uma sucessão de lances que faziam prever golo na baliza de Hidalgo. José Vala lançou então Hugo Neto para tirar partido desse caudal. Mas do outro lado Rui Narciso refrescou o meio campo e o jogo do Caldas perdeu intensidade.
E cinco minutos depois dessa alteração surgiu o lance que decidiu tudo. Leandro foi para a área do Caldas em grande velocidade, Farinha e Luís Paulo controlaram o lance cedendo canto. E o próprio Leandro marcou na sequência do lance de bola parada.

MELHOR DO CALDAS
Simões 3
Durante os 71 minutos que esteve em campo dividiu a batuta do jogo do Caldas com Leandro, numa cooperação que parece estar a crescer e que estava a empurrar o Caldas em direcção à baliza de Hidalgo. A ideia de tirar um deles e colocar em campo Hugo Neto era aproveitar esse caudal ofensivo, mas aí sentiu-se a influência que o camisola 55 estava a ter…

HUGO NETO, JOGADOR DO CALDAS
Feliz pela estreia
Foi um jogo repartido, ambas as equipas criaram oportunidades, o que é certo é que foi resolvido num lance de bola parada, a juntar um bocado à sorte do Torreense, mas são coisas para as quais temos que estar preparados. Acontece, agora é levantar a cabeça e seguir a trabalhar para reverter a situação já em Peniche. Não podia estar mais feliz em relação ao clube e ao grupo de trabalho, receberam-me muito bem. Fiquei feliz também por entrar e voltar a jogar, mas triste pelo resultado. Estou com o espírito de trabalhar e ajudar a equipa seja de que maneira for, unidos para alcançar os objectivos do clube.

JOSÉ VALA, TREINADOR DO CALDAS
Segunda volta melhor
A primeira parte foi equilibrada, as equipas encaixaram bem uma na outra e houve poucas oportunidades. Na segunda, acho que estávamos com controlo do jogo e a ter supremacia sobre o adversário. Mas onde o Torreense é muito forte, nas bolas paradas, fez o golo e somou os três pontos. Acabámos a primeira volta e estamos com três pontos de vantagem sobre a linha de água, enquanto não ganharmos jogos seguidos ficamos nesta situação, mas acredito que vamos fazer uma segunda volta melhor.

RUI NARCISO, TREINADOR DO TORREENSE
Justo vencedor
Na maior parte dos momentos do jogo houve um equilíbrio muito grande e a forma como as equipas defenderam foram superiores ao que as linhas ofensivas criavam. A melhor oportunidade na primeira parte foi nossa. Na segunda, as mexidas que fizemos acrescentaram ao nosso jogo, fomos mais perigosos e fomos um justo vencedor.

Estádio Manuel Marques, Torres Vedras
Árbitro: Paulo Barradas, AF Setúbal
Assistentes: Joaquim Gato e André Pereira
TORREENSE 1
Hidalgo; Tomás Silva, Fábio Santos (C), Danilson e Ma Chao; André Perre (Tomás Jorge 77’) e Tiago Esgaio; Hélio Vaz (Leandro Morais 64’), Pedro Bonifácio e Rui Batalha; Zhang Cheng (Mamadu Camará 56’)
Não utilizados: João Ascenso, Rui Burguette, Serifo, Patas Moreno
Treinador: Rui Narciso
CALDAS 0
Luís Paulo [3]; Passos [3], Militão [3], Rui Almeida [3] (C) e Cascão [3] (Farinha [3] 56’); Paulo Inácio [3], André Santos [3] (Marcelo [1] 84’) e Simões [3] (Hugo Neto [2] 71’); Nuno Januário [3], Rafael Silveira [3] e Leandro [3]
Não utilizados: Rui Oliveira, Gaio, Bernardo Rodrigues, Passuco
Treinador: José Vala
Ao intervalo: 0-0
Marcador: Leandro Morais (83’)
Disciplina: Amarelo a Cascão (41’), André Perre (45’+1), André Santos (54’)