Numa disputa de bola com o mítico Matateu, num Caldas-Belenenses na 1ª Divisão

Fez parte da equipa de reservas do Sporting com 20 anos e aprendeu a arte da bola com os Cinco Violinos. Depois de uma curta passagem pelo Mirense, chegou ao Campo da Mata em 1951, com um contrato de 500 escudos mensais e um emprego nas oficinas de Artur Capristano. Em quatro anos, ajudou a levar o clube da 3ª à 1ª Divisão, escalão em que competiu durante quatro épocas

Nascido a 18 de Março de 1929, Manuel Anacleto é um dos jogadores mais emblemáticos da história do Caldas SC e, por isso, uma das lendas do desporto da região.
Oriundo do Mirense, chegou ao Campo da Mata na temporada 1951/52 e por cá fez praticamente toda a carreira de futebolista, ajudando o pelicano a subir da 3ª à 1ª Divisão no espaço de quatro anos.
No escalão principal, perfez um total de 72 jogos e marcou 4 golos pelo Caldas em quatro temporadas, sendo um dos jogadores mais utilizados nesses anos de “ouro”.
Conhecido pela grande polivalência, era um “jogador para todos os lugares”, como descreve Mário Lino no livro “Figuras e factos da história do desporto caldense”. E jogou ao lado de grandes craques, nomeadamente no Sporting, onde foi colega de balneário dos Cinco Violinos.
Chegou aos leões com 20 anos e ao abrigo da Lei Militar. Foi apenas utilizado nas reservas, mas soube aproveitar o convívio com nomes de créditos firmados como Peyroteo, Jesus Correia ou Travassos para refinar o seu jogo.
Em 1950, o médio que jogava na defesa e no ataque, consoante as necessidades da equipa, assina pelo Mirense e tem a primeira experiência de vida fora da capital. A época corre de feição e é então que recebe uma proposta irrecusável de Artur Capristano: um emprego nas oficinas e mais 500 escudos de salário como futebolista ao serviço do Caldas!
No clube encontra António Pedro, com o qual jogará durante sete épocas, e o ambiente ideal para desenvolver todo o potencial enquanto futebolista, ao mesmo tempo que desfruta de uma cidade tranquila.
Em termos desportivos, o desafio é enorme, mas a equipa corresponde às exigências. Em 1951/52, o Caldas domina a seu bel-prazer a 4ª série da 3ª Divisão nacional, sagrando-se campeão sem derrotas e cedendo apenas um empate na prova. A primeira das duas subidas ambicionadas estava concretizada, mas ainda havia muito para conquistar.
Seguiu-se a adaptação do clube à 2ª Divisão. Depois de um meritório 4º lugar (1952/53), numa série com nove clubes, a equipa volta a realizar mais uma época tranquila, com um 8º lugar numa série mais competitiva e com 14 emblemas.
Em 1954/55, com o técnico Mariano Amaro e vários reforços, estão reunidas as condições para o “assalto” ao escalão principal, objectivo que se concretiza, numa longa temporada, com a histórica vitória em Coimbra, na finalíssima diante do Boavista (4-1), já depois de, numa discussão ao sprint, o Torreense ter assegurado a subida à 1ª Divisão por 1 ponto…