CENFIM celebrou, em Peniche, 40 anos de olhos postos no futuro

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Mesa redonda com ex-ministro da Economia e do Mar focou-se nos desafios à formação e ao próprio setor
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Instituição já formou mais de 36 mil pessoas para as áreas da indústria metalúrgica e metalomecânica

O CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica celebrou 40 anos de atividade no passado dia 16 de maio, reunindo no Hotel MH em Peniche, colaboradores, parceiros e responsáveis institucionais para uma cerimónia comemorativa que invocou o percurso feito ao serviço da formação para o setor industrial.
“Hoje celebramos mais do que uma data, celebramos um legado construído com dedicação, inovação e compromisso com o futuro”, afirmou José Machado, presidente do conselho de administração do CENFIM. Na sua intervenção, destacou o papel fundamental que o centro tem desempenhado na qualificação de milhares de profissionais, acompanhando a evolução tecnológica, económica e social de um setor que considera ser “um dos principais motores do desenvolvimento de Portugal”.

O dirigente realçou que o CENFIM está ao lado de um setor atualmente composto por cerca de 23 mil empresas que envolvem cerca de 250 mil trabalhadores e representa 40% das exportações da indústria transformadora, com um volume de negócios de 34,6 mil milhões de euros. E é nesse contexto que o CENFIM assume uma missão clara, “formar com qualidade, ligando o conhecimento à prática, a formação às empresas e o talento às oportunidades”, afirmou.

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Ao longo de quatro décadas, o CENFIM já qualificou mais de 360 mil formandos, realizou mais de 26 mil ações de formação, lecionou seis milhões de horas de formação e colaborou com mais de 35 mil empresas. José Machado enalteceu todo os que contribuem para estes números. “O sucesso do CENFIM mede-se, sobretudo, pelas pessoas. Os formadores, que partilham um saber com paixão, mas são também mentores e orientadores, os diretores e colaboradores, que garantem o bom funcionamento dos núcleos, as empresas parceiras e, acima de tudo, os formandos, que aqui constroem o seu percurso profissional e pessoal”.
O presidente do conselho de administração reservou ainda um momento especial para Manuel Grilo, diretor do CENFIM desde a primeira hora. “Dono de um estilo de liderança motivador, mobilizador, resiliente, agregador e carismático”, foi, nas suas palavras, uma peça-chave para o crescimento e prestígio da instituição.

Manuel Grilo que fez um balanço dos 40 anos de atividade, recordando os vários passos no progresso da instituição, desde a fundação resultante da necessidade de “criar instituições de formação capazes e utilizar as verbas da pré-adesão de Portugal à CEE”.

A estratégia passou desde o início, pela proximidade com as empresas do setor, “estar em sintonia com o que faziam, nomeadamente novas tecnologias”, adaptando os processos pedagógicos de acordo com essas necessidades.

O processo passou pela criação de polos em proximidade com o tecido empresarial, a começar, ainda em 1985, com Lisboa e Marinha Grande. Nos primeiros cinco anos foram criados 10 polos, incluindo os de Peniche (1988), Torres Vedras (1989) e das Caldas da Rainha (1990). Atualmente, o CENFIM prepara a abertura do 14º polo, em Grândola.
Entre outros marcos, assinala-se o início do trabalho com tecnologia CNC em 1989, com a aquisição da primeira máquina industrial. Em 1995 foi adquirida a primeira máquina CNC de 5 eixos.

O diretor sublinhou, também pontos importantes como o início das parcerias com países africanos de língua oficial portuguesa, nomeadamente Angola, em 1996, e Moçambique, em 2000, assim como o desenvolvimento dos modelos formativos.
A própria transformação da indústria tem constituído, ao mesmo tempo, desafios e oportunidades para o centro de formação, nomeadamente com o recuo da indústria automóvel, balanceado com a ascensão da aeronáutica. Manuel Grilo destacou acordos com três empresas nesta área, a Airbus, a LAUAK e a Lufthansa, para dar formação aos trabalhadores.

Com mais de 361,5 mil formandos ao longo dos 40 anos, Manuel Grilo destacou os “mais de 90% de empregabilidade, que não são 100% porque há formandos que desistem”.

Durante a cerimónia, foram homenageados 40 colaboradores que integram o CENFIM há mais de 25, 30 e 35 anos, assim como ao próprio diretor, Manuel Grilo.

O diretor do CENFIM focou-se igualmente no futuro. “Ao fim de 40 anos, já merecíamos uma nova sede, e está em curso”, referiu, apontando a necessidade de reafirmar a qualidade da formação e “relançar a diferença a nível pedagógico”, através da conjugação de inovação e foco nos resultados. Reconheceu que o setor enfrenta dificuldades, como a quebra na formação inicial, mas destacou o “crescimento na formação de ativos, tanto para empregados como para desempregados” e o “incremento da formação customizada”. Esta é, sublinhou, uma resposta direta às novas exigências das empresas.

Outro fator de modernização destacado por Manuel Grilo é o “forte apoio do PRR na modernização do parque de equipamentos”, o que permitirá ao CENFIM manter-se atualizado tecnologicamente e alinhado com a realidade da indústria e com o compromisso de um futuro com “mais competências, mais inovação e mais colaboração”.

Com uma estrutura de 148 trabalhadores e 118 prestadores de serviços, num total de 324 formadores, o CENFIM reforça também a sua aposta na aprendizagem baseada em projetos e no estreitamento das relações internacionais. Atualmente, conta com mais de 275 parceiros internacionais e tem vindo a reforçar a cooperação com os PALOP. “Nós precisamos de pessoas qualificadas e eles de empregar as pessoas. Qualificá-las e dar-lhes emprego, lá ou cá, é o caminho”, destacou o diretor.

O evento contou, ainda, com uma mesa-redonda sobre o futuro da formação profissional, moderada pelo ex-ministro da Economia António Costa e Silva, com a participação dos presidentes do IEFP, na ANEME e da AIMMAP, Domingos Lopes, Paulo Barradas e Vítor Neves, que refletiram sobre os desafios e oportunidades que o futuro reserva à qualificação e à indústria portuguesa.

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