Colheita de 2015 garante mais vinho e com melhor qualidade no Oeste

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Gazeta das Caldas

VinhosAs Adegas Cooperativas da Vermelha e de Alcobaça, a Quinta do Sanguinhal e a empresa Parras Vinhos, os principais produtores de vinhos da região Oeste, garantiram em 2015 uma produção que deverá ultrapassar os sete milhões de litros. As condições climatéricas estiveram próximas da perfeição para a colheita deste ano, garantindo não só mais vinho, como também produto com maior qualidade.

“Num ano destes adivinham-se autênticas revelações vínicas”. Quem o diz é Luís Vieira, administrador do grupo Parras Vinhos, que detém a produção da Quinta do Gradil e da Casa das Gaeiras. Para além da qualidade das uvas, o grupo vai poder tirar partido de uma adega especial para vinhos de topo, localizada na Quinta do Gradil (Cadaval) criada com todas as condições para a selecção das uvas e para os processos de vinificação e maturação do vinho.
A empresa aumentou a produção deste ano. Na Quinta do Gradil, o milhão de toneladas de uva colhido em 2014 deu lugar a 1,8 milhões este ano, o que, para além do aumento da produtividade, tem ainda a ver com o aumento de área plantada.
A fruta colhida dará para produzir cerca de um milhão de litros de vinho com a marca Quinta do Gradil e 200 mil litros de Casa das Gaeiras. As primeiras garrafas deverão chegar ao mercado já em Janeiro, mas os vinhos de topo desta colheita só estarão disponíveis daqui por um ano.
A qualidade da uva é “excepcional” garante Luís Vieira, o que tem muito a ver com as condições climatéricas. “Choveu na altura certa, fez sol na altura certa, como a vindima foi toda seca não houve podres, e as maturações regra-geral evoluíram muito bem, as uvas foram colhidas no ponto de açúcar e sem nenhum tipo de maleitas”, completou.
Na Quinta do Sanguinhal, responsável pela produção da marca Cerejeiras, a produção aumentou cerca de 10% em relação a 2014, com um total de 850 mil quilos de uva que deverão garantir uma produção de 650 mil litros de vinho.
O enólogo Miguel Móteo disse à Gazeta das Caldas que as previsões “apontam para um ano de excelente qualidade tanto em brancos como em tintos”, dado que as maturações dos frutos “decorreram normalmente e o seu estado sanitário foi excelente”. Em relação aos vinhos, as expectativas são de brancos “muito frutados e de excelente riqueza em ácidos orgânicos” e tintos “frutados e encorpados”, revela Miguel Móteo.
Na Adega Cooperativa de Alcobaça, a vindima de 2015 deverá permitir a produção de 500 mil litros de vinho, “bastante superior à produção do ano passado”, segundo o enólogo Rodrigo Martins.
Na altura em que contactámos o responsável pelos vinhos da Adega de Alcobaça a vinificação estava ainda numa fase embrionária, mas o enólogo perspectivava uma qualidade “muito elevada, uma vez que o período de maturação das uvas foi longo e lento, sem influência negativa das chuvas”.

Mecanização das vindimas

Na Adega Cooperativa da Vermelha, que produz os vinhos Mundus, os cerca de 600 produtores associados produziram cerca de 7 milhões de toneladas de uva em 2015, mais 40% que no ano passado. O bom ano para a vinha faz o enólogo Nuno Rodrigues acreditar também que o seja para os vinhos. O enólogo destaca que o clima foi “propício à não formação de doenças na vinha, o que originou matéria-prima com bons níveis de sanidade e bons níveis de maturação”.
Na Adega da Vermelha a vindima é feita maioritariamente à mão, num processo que é da responsabilidade de cada um dos produtores. No processo de vindima mecanizada existe a vantagem da redução de custos, mas “muitas das vinhas ainda não estão adaptadas a esta nova realidade”, observa Nuno Rodrigues.
Em Alcobaça, o processo é 100% artesanal e realizado em grande parte por equipas que já colaboram com a adega há vários anos.
Nas quintas do Gradil e do Sanguinhal o processo de apanha das uvas é misto, mas por razões diferentes dos da Cooperativa da Vermelha.
No Sanguinhal, 70% da vindima é mecanizada. As vantagens do processo prendem-se com a redução de custos, mas também “com a possibilidade de vindimar a qualquer hora ou dia da semana”, refere Miguel Móteo. A colheita manual é feita por mãos experientes para escolher as melhores uvas para os vinhos tintos topo de gama.
O mesmo acontece na Quinta do Gradil. Apenas as melhores uvas são colhidas à mão para gerar os melhores néctares. Todo o resto da colheita é feito à máquina. Para além das vantagens apontadas por Miguel Móteo, Luís Vieira aponta ainda o menor desperdício, visto que os bagos são sugados individualmente. Mas o processo também tem um contra: “à mão conseguimos fazer uma pré-selecção do bago logo na apanha, os que não estejam capazes à partida não são recolhidos, mas a máquina recolhe tudo”, aponta.

Portugal é o principal mercado

O mercado nacional é o principal destino destes quatro grandes produtores de vinhos do Oeste e mesmo na Parras Vinhos, que já chegou a exportar cerca de 70% da produção, hoje o mercado nacional consome metade dos vinhos da empresa que detém a Quinta do Gradil e a Casa das Gaeiras.
Nas exportações, os principais destinos são a África e a Ásia, mas também é possível encontrar estes vinhos em vários países da Europa e nos Estados Unidos.
A Casa do Sanguinhal exporta um quarto da produção para 15 países. O mercado asiático também é um dos principais, juntamente com a Alemanha e os Estados Unidos.
Na rota da internacionalização, os vinhos Mundus, da Adega da Vermelha, têm como principal destino os PALOP. No entanto, Nuno Rodrigues sublinha que os mercados da Rússia, Polónia, China, Macau, Brasil e Estados Unidos “começam a representar um papel importante no valor médio de venda”.
Os vinhos da Adega de Alcobaça têm os principais consumidores no mercado regional. A nível externo o principal destino é a Ásia, embora haja “boas perspectivas” em Angola e Brasil.