Ensino profissional articulado com empresas

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As empresas têm beneficiado da articulação que existe com as escolas profissionais

Alta taxa de empregabilidade é mais uma prova de que a articulação escola-empresas existe na região

Numa edição especial de aniversário da Gazeta das Caldas dedicada à temática da Educação no Futuro, fomos falar com as escolas profissionais, que trabalham num modelo de estreita ligação entre o mundo escolar e o mundo laboral.
Com ofertas que procuram responder às necessidades das empresas, o ensino profissional tem vindo, nos últimos anos, a gozar de uma melhoria no que é a perceção do trabalho feito nestas escolas. Se, há uns anos, a ideia geral era de que só ia para o ensino profissional quem não tinha lugar no regular, hoje em dia o ensino profissional é “apenas” mais uma via, uma opção.
A ligação sente-se, por exemplo, no levantamento das necessidades de formação junto das empresas, que fazem regularmente.
Depois, o próprio modelo de ensino, que inclui sempre uma vertente prática muito vincada, estimula uma proximidade escola-empresa e motiva os alunos. E as condições, com tecnologia avançada e ferramentas, também são atrativos.
Vitor Lapa, diretor do Cenfim, realça os “praticamente 100% de empregabilidade logo após a formação” e nota que, como os “cursos são feitos em alternância, com formação no CENFIM e na empresa” desde o primeiro ano, tal “permite às empresas conhecer o jovem em contexto de trabalho, integrando-o nas equipas, observar a sua progressão técnica e, no final, fazer um recrutamento seguro, bastante diferente do que seria num processo de recrutamento por entrevista, em que não conhecem o desempenho em contexto de trabalho”.
Ainda assim, um dos grandes desafios passa pela captação de jovens, que fazem um percurso nos agrupamentos escolares. Ou seja, considera que, além dos cursos irem de encontro às necessidades das empresas, tem que ser feito também um trabalho por parte destas para que demonstrem que as suas ofertas são atrativas para os jovens e os levem a formar-se nestas áreas.
Daniel Pinto, diretor da EHTO, também salienta “a componente de formação muito prática e com uma realidade pedagógica muito próxima do que acontece no dia-a-dia de uma empresa, com uma metodologia em que todos os dias os alunos estão em prática”. A existência do restaurante pedagógico e dos estágios são contributos para a integração no mercado.
“Temos também a formação contínua, executiva ou de ativos, que é uma lógica de trabalho em que construímos oferta formativa no setor, mas a pensar nas pessoas que já trabalham no setor”, refere, revelando que estão “a preparar novas ofertas com as ligações do Turismo ao Cinema e do Turismo ao Desporto, com percursos formativos inovadores, a anunciar em breve”. A isso acresce o programa de Formação Mais Próxima, que permite que a equipa da escola desenvolva ações de formação fora do recinto escolar, junto das empresas. Também aqui “a taxa de empregabilidade é de quase 100%”.
Na mesma ótica, Filomena Rodrigues, diretora da ETEO, frisa a formação em contexto de trabalho e a existência de uma bolsa de empresas e de protocolos de colaboração, que estreitam a ligação. No caso da ETEO, fazem parte da entidade proprietária a AIRO, a ACCCRO, o Montepio Rainha D. Leonor, o Turismo Centro de Portugal e a Câmara das Caldas.
“Estamos representados na entidade proprietária da escola, pelas várias áreas do mundo do trabalho, sendo que todas as áreas dos cursos em funcionamento estão representadas nessas entidades”, salienta, notando que a taxa de empregabilidade, em 2019-22, foi de 71%, aos quais acresceram 17% que ingressaram no ensino superior (um número que tem vindo a subir). Dos restantes 12%, 7% estão desempregados e não há informação relativa aos restantes 5%.
Ana Bica, diretora do Cencal, salienta a procura que têm tido por parte da indústria para fazerem formação nas próprias empresas, especialmente nas zonas de Coimbra, Aveiro e Lisboa. Em 2022 deram formação a formandos de 751 empresas, das quais 114 especificamente dos setores da cerâmica e vidro. “Fizemos 74 ações específicas para cerâmica e vidro, para 948 formandos”. No total contaram com 4050 formandos em 302 ações de formação, tendo ainda realizado 91 ações intraempresa.
Pedro Paramos, diretor dos serviços pedagógicos do Cencal, também assume como principal desafio “a captação de formandos”, apesar da alta empregabilidade. “Temos vários cursos nas diversas áreas em que a empregabilidade é de 100%”, nota, apontando depois à mobilidade. “Se quisermos colocar formandos no Parque Tecnológico de Óbidos, que é aqui ao lado, não há transportes, ou a pessoa tem viatura própria, ou é um problema”. ■