Parque comercial de energia das correntes marítimas avança em Peniche

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IMO Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva e o secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, estiveram no passado dia 3 de Junho em Peniche, para conhecer o projecto Waveroller, que agora entra numa terceira fase, com 9,1 milhões de euros comunitários. Esta verba será usada para construir, montar e instalar o primeiro parque comercial com 16 pás gigantes, que poderão gerar energia para 16500 habitantes.

A AW Energy e a autarquia de Peniche estão cada vez mais perto de criar um parque comercial para aproveitar o fenómeno da força das correntes marítimas no fundo do mar.
O Waveroller é uma base de metal, com cerca de 50 metros de comprimento, que pesa 600 toneladas e que tem três pás gigantes de metal (com 20 toneladas cada uma).
As correntes marítimas fazem essas pás oscilar, criando energia cinética que depois é transformada por um dispositivo em energia eléctrica. A energia eléctrica é posteriormente enviada para a costa por um cabo submarino, onde um transformador a injecta na rede, sendo depois vendida pela Eneólica.
O projecto iniciou-se em 2006, sendo testado pela primeira vez, a nível mundial, em Peniche já no ano de 2007.
Na segunda fase, que começou em 2009 e se prolongou até 2014, foi colocada uma base submergível com três pás de 100 kw/h cada, que conseguem gerar energia para 120 habitações e 360 habitantes.
A base com as três pás pesa 600 toneladas, tem 43 metros de comprimento, por 18 metros de largura, com uma altura de 12 metros. Custou perto de 6,5 milhões de euros e em Agosto de 2012 foi colocada no fundo do mar em Peniche (na Praia da Almagreira, onde em 1975 esteve prevista a construção de uma central nuclear), a cerca de 15 metros de profundidade e a 900 metros da costa.
Em Outubro do ano passado, a estrutura veio à superfície para ver como o equipamento se comportou e para fazer trabalhos de limpeza.
Dado que os resultados foram satisfatórios, o Waveroller entra agora numa terceira fase, que tem como objectivo criar um parque comercial com 16 pás de 20 toneladas capazes de gerar 350 kw/h cada, gerando 5,6 gW/h, um total capaz de abastecer cerca de 5500 habitações e 16500 habitantes. Prevê-se que este novo parque esteja a funcionar no início de 2017.
Na terceira fase, o projecto conta com o apoio do Programa NER 300, que injecta 9,1 milhões de euros. Em termos globais prevê-se que o Waveroller represente um investimento total de 25 milhões de euros.
As autoridades políticas presentes nesta apresentação deslocaram-se à Praia da Almagreira, onde há 30 anos a população de Ferrel se manifestou contra a criação da central nuclear que ali estava prevista e onde agora existe uma pequena central, mas de energia das ondas. “É uma mudança de paradigma assinalável, que demonstra a evolução que Portugal tem tido” neste capítulo, disse António José Correia, presidente da autarquia local, antes de salientar “as preocupações de carácter ambiental e de sustentabilidade” do concelho a que preside. Ele próprio foi, em 1975, um dos principais activistas na luta contra a central nuclear.
John Lilijelund, CEO da AW Energy, apresentou o projecto e explicou que, para além do grande potencial energético, as ondas têm ainda a grande vantagem de se poder prever a sua intensidade com alguns dias de antecedência, facilitando a programação da produção de energia.
Em termos de densidade energética, ou seja, a quantidade de energia disponível numa determinada área (imagine-se, a título de exemplo, 50 kw/h por metro quadrado), esta é dez vezes superior à da energia eólica e 100 vezes à da radiação solar.

MINISTRO SURPREENDIDO

Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, afirmou que “este projecto tinha condições ímpares”, e que “tem acumulado potencialidade”. Para além disso, “poderá vir a representar um elemento de grande inovação e disrupção tecnológica à escala global”.
Destacando as condições do país para mais esta energia renovável (tal como o potencial eólico e solar), considerou importante a escolha de um local onde os actores políticos têm esta sensibilidade e a população tem abertura a este tipo de projectos.
“É tão errado não apostar em tecnologias inovadoras como esta, como era massificá-la agora, porque isso traduziria um nível de realização que não era compatível com o desenvolvimento da tecnologia”, disse Jorge Moreira da Silva.
O ministro informou também que este projecto terá apoio no âmbito do Fundo Português de Carbono e “terá obviamente um regime de regulação na tarifa que terá em atenção o nível de maturidade da tecnologia”.
Jorge Moreira da Silva confessou-se ainda “surpreendido com a dimensão e com o peso da maquinaria aqui envolvida, que permite demonstrar que o mar tem uma força extraordinária para conseguir mover elementos tão pesados quanto estes”.
A visita dos políticos passou ainda pelos Estaleiros Navais de Peniche, onde ficaram a conhecer a base para as pás do Waveroller e um barco pesqueiro todo feito em fibra de vidro, produzido nos estaleiros e que tinha Angola como destino, sendo vendido por mais de um milhão de euros.
A embaixadora da Finlândia em Portugal também não quis perder a oportunidade de conhecer o projecto do Waveroller.