Caminhadas e exercício físico

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As caminhadas estão na moda. Que boas que são algumas modas!
Há caminhadas para todos os gostos, promovidas por diferentes associações e instituições, todas elas muito meritórias. Refira-se, por exemplo, uma bela iniciativa próxima: Caminhada na Rota dos Museus.
Mas também há corridas solidárias, grupos de treino regular e uma página no facebook que tem um nome muito apropriado para as Caldas da Rainha: “Não faço nem mais um…Km”!
Quer isso dizer que estamos bem? Não. Parece que a realidade profunda é um pouco diferente. Os Eurobarómetros indicam que Portugal tem uma das mais baixas taxas de atividade física e desportiva da União Europeia, apresentando, nos últimos dados, um valor de 68% de pessoas inativas, agravando tendências anteriores. Ultimamente só a atividade em ginásios parece ter aumentado em Portugal.
Mesmo noutro tipo de atividades físicas não necessariamente desportivas, como andar de bicicleta, dançar ou fazer jardinagem, o cenário é igualmente desanimador: entre os portugueses 79% respondem que nunca ou raramente as realizam.
É, certamente, pacífico o reconhecimento dos malefícios do sedentarismo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou no passado dia 8 de junho de 2018, em Lisboa (na Cidade do Futebol) uma iniciativa de promoção da atividade física à escala global para o período 2018 – 2030, “for more active people for a healthier world”, e criou o website “Let’s be active – Everyone, Everywhere, Everyday”. Aí se refere que um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes não faz suficiente atividade física e lembra que a atividade física regular é a chave para a prevenção e tratamento de várias doenças. (Nessa iniciativa estiveram presentes 60 Câmaras municipais mas não me cruzei com nenhum representante das Caldas da Rainha).
O Colégio Americano de Medicina do Desporto avançou com uma iniciativa, entretanto alargada à Europa, que visa estimular os médicos dos cuidados de saúde primários e outros profissionais de saúde a incluírem atividades físicas na elaboração dos seus planos terapêuticos. A essa iniciativa foi dado o sugestivo nome de Exercise is Medicine®. (Um Centro de Saúde de Lisboa lançou, recentemente, a iniciativa “Walk with the Doc”, venha caminhar com o seu médico.)
Esta expressão “exercise is medicine” pode ser facilmente traduzida por exercício é medicina mas também por exercício é medicamento.
De facto, o exercício físico é, muitas vezes, remédio. O neurologista de minha mãe diz-lhe que andar é muito importante até para preservar funções cognitivas. E ela, na limitação dos seus 89 anos, lá vai cumprindo as “obrigatórias” dez voltas ao espaço alargado da sala, três a quatro vezes ao dia, à força da nossa insistência e parando de vez em quando, apenas para se queixar “das cruzes”.
O Núcleo da Diabetes do Hospital das Caldas da Rainha tem lembrado, através de eventos em espaços públicos, a importância da atividade física. A frase inscrita nas t-shirts é elucidativa: “Toca a mexer”.
Há que sermos ativos: todos nós, em qualquer lugar, todos os dias.
Felizmente, não faltam condições na nossa região para a prática de desportos diversificados, nomeadamente ao ar livre.
O plano de ação da OMS mostra como os países podem reduzir a inatividade física em adultos e adolescentes em 15% até 2030, e recomenda um conjunto de iniciativas, que “combinadas, podem criar sociedades mais ativas através da melhoria dos ambientes e oportunidades para pessoas de todas as idades e habilidades, para fazer mais caminhadas, ciclismo, desporto, recreação ativa, dança e diversão”.
Caros leitores, vamos lá desgrudar dos sofás… e fazer, pelo menos, mais um Km! …

António Curado
curado.a@gmail.com