Less is more!

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A expressão “less is more” que utilizamos regularmente, quase sem sentir que falamos inglês, foi “criada” por Ludwig Mies van der Rohe, arquitecto alemão, considerado um dos principais nomes da arquitectura moderna.
Van der Rohen, imprimiu uma marca de racionalismo e de sofisticação na elaboração de espaços que transmitem elegância e cosmopolitismo, praticamente por todo o mundo. Procurando sempre uma abordagem racional procurando ir ao encontro das necessidades impostas pelo lugar.
Less is more tornou-se uma frase icónica para dizer bom gosto e dinamização inteligente dos espaços ao mesmo tempo que também a utilizamos, ironicamente, quando nos deparamos com locais esteticamente mal geridos.
Em contra ponto, quando algo está “atafulhado” de coisas pensamos naqueles programas de televisão que nos apresentam pessoas com distúrbios psicológicos a que se dá o nome de Transtorno de Acumulação, vulgo Acumuladores. Estas pessoas caracterizam-se pela forte necessidade de conservar e ir acrescentando cada vez mais coisas, sempre de forma desordenada e nada criteriosa, ou seja, vão acumulado. Gerando consequências funcionais de prejuízo individual e comunitário.
Numa fase inicial os acumuladores podem confundir-se com colecionadores, porém os colecionadores são focados e ordenados, sabem o que têm, destacando e valorizando os bens que adquirem.
O dia das Caldas da Rainha vem aí.
É imperativo olhar um pouco para a nossa cidade e perceber o quanto ela vale. Pensar se queremos ser acumuladores de bens desordenados ou se racionais colecionadores de bom gosto sabendo valorizar os bens que temos.
E, de facto, temos muitas coisas belas, desde logo o Hospital Termal mais antigo do mundo. Está fechado, mas mesmo assim tem valor histórico e turístico. Temos a Mata Rainha Dona Leonor, impar no panorama nacional e internacional, pela sua biodiversidade. Temos os Museus, num deles até mora uma Josefa Óbidos. O último quadro da pintora leiloado na Sotheby´s, para o Louvre, atingiu os milhares de euros.
Até temos doces que não existem em mais lado nenhum do mundo como a Torta Arrelia e as Leonores e não os sabemos difundir. Vamos, se for preciso “atrás do sol posto” para comer uma “sopa de caracol” mas não conhecemos nem vendemos a arte culinária tradicional caldense.
Outras cidades, com bem menos que nós, “inventam história” e “agarram com unhas e dentes” o pouco que têm, criando gabinetes de comunicação ou contratando influenciadores de mercado, porque os tempos são outros e as técnicas de vendas carecem de pessoas especializadas nas novas tecnologias para venderem e levarem ao mundo o produto.
Caldas da Rainha tem um potencial turístico fabuloso, uma localização fantástica, uma história impar, pessoas afáveis. Precisamos encontrar rapidamente uma fórmula para nos projectarmos, para levarmos ao mundo a nossa singularidade.
Não podemos perder tempo algum, o futuro já começou e tem ferramentas novas. É assustador como nos agarramos a técnicas de venda de produto do tempo da “Maria Cachucha” que comprovadamente não são rentáveis porque temos uma cidade “às moscas”.
Façamos a triagem do amontoado de que as Caldas foi “atafulhada” e deixemos brilhar o que de facto tem valor. Respeitemos, valorizemos e dignifiquemos a nossa história e encontraremos o nosso futuro. Dizem os entendidos, que as tradições estão na moda, o mundo está cansado da massificação. O mundo procura o singular que cada etnia contém, o resto vem da China em contentores baratos, sem alma, impessoal, sem amor.
No dia da cidade, tomemos o exemplo da nossa fundadora sejamos ousados e modernos, respeitando e valorizando a nossa marca, Caldas da Rainha.

Margarida Varela
margaridavarela13@gmail.com

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