Quo Vadis… Caldas? – Novo hospital, ou hospital novo

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Doentes internados nos corredores, utentes atendidos em gabinetes com outros em observação, ambulâncias “presas” à espera das macas retidas nas urgências, várias horas de espera para serem atendidos, falta de “especialidades”, são alguns dos problemas (entre outros), que afetam e fazem sofrer, ou até morrer, os cidadãos que recorrem aos serviços de saúde do Estado. Podemos resumir tudo isto em – caos nos hospitais.
Este é um panorama comum a muitos hospitais, entre os quais o de Caldas da Rainha.
Os efeitos são comuns, mas as origens serão distintas, umas com fácil solução, outras difíceis.
Mas falemos do nosso Hospital.
Há um problema nas urgências, que se resolve com mais espaço, dizem. O Ministro veio ver para crer e disponibilizou a fatia financeira necessária. Afinal descobriu-se depois, que ainda faltava o dinheiro para o projeto (como se o projeto não tivesse nada a ver com a obra e a obra se pudesse fazer sem projeto), mas parece que também essa parte já está resolvida, dizem.
Agora “só” falta fazer o projeto e claro, a obra. Da forma e com a lentidão com que tudo acontece na estrutura do Estado, essa “coisa” obesa, digo eu, que anda por aí, não se sabe quanto tempo vai demorar. Imagina-se que vai demorar, porque é assim que as coisas funcionam no Estado, devagar, devagarinho e paradas.
Resolver o problema das urgências, com mais espaço, significa ter maior capacidade de “absorção”. Mas sem capacidade de escoamento, estamos perante um “funil”, ou seja, um dia, mais tarde ou mais cedo, as urgências vão voltar a esgotar a sua capacidade, porque as camas para internamento não aumentaram.
Entretanto, diz-se que haverá mais 10 ou 20 camas aqui ou acolá, noutros hospitais, pois. Mas dizem os especialistas, que a questão não se resolve de improviso, com mais essa dúzia de camas. Para uma solução eficiente, capaz de tratar da nossa saúde, como merecemos e temos direito, são necessárias mais cerca de 100 camas.
Aqui coloca-se a outra parte da questão.
Dizem uns, que devemos alargar o atual hospital, transformando-o assim num “novo” hospital. Parece-me evidente que não é possível aumentar as tais 100 camas no edifício, as camas não são “plantadas” nem “semeadas”. Basta pensarmos que um hospital verdadeiro, obriga a um “lay out” que permita a sua funcionalidade. Também é evidente que mais 100 camas, obrigam a criar outro tipo de instalações, que satisfaçam as necessidades decorrentes desse aumento. Por muito que se tente, esta é sempre uma solução improvisada e estas coisas são demasiado sérias para serem atamancadas.
Dizem também os especialistas, que um hospital eficiente, deverá ser desenhado para cerca de 300 camas. Ou seja, um Hospital Novo.
Esta sim, é a solução, que aliás foi prometida e nunca cumprida.
Há dificuldades? Pois há.
Há a dificuldade de entendimento entre os representantes das populações, ou sejam, os autarcas dos municípios envolvidos neste processo. Penso que alguns ainda não entenderam o que está em causa e continuam a adiar o inadiável.
A união de esforços aumenta o peso político e potencia a capacidade reivindicativa, que sozinhos nunca tivemos e jamais teremos. E unir esforços, significa largar mão de pouco, para receber muito.
Sem isso, temos um “balão” a rebentar, que é o Hospital das Caldas e depois, será tarde demais para ser resolvido e estamos sujeitos a ficar sem hospital, porque outros se puseram ao caminho e nós ficámos a ver a “banda passar”. A nossa visão, tem que alcançar mais do que o orifício umbilical e é urgente deixarmo-nos de políticas de isolamento, que nunca nos levaram a lado nenhum. As provas estão à vista.
Mudando de assunto, mas como exemplo, veja-se a recente comemoração da Semana da Juventude, organizada conjuntamente pelos municípios de Caldas da Rainha, Óbidos e Bombarral. É assim que as coisas se fazem. Com menos custos e mais eficiência para todos. Parabéns por isso aos jovens, que explicaram aos seniores como se deve funcionar.
Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt