Comunistas insistem que Portugal não deveria ter aderido à CEE

0
598
Algumas dezenas de militantes e simpatizantes juntaram-se na festa que teve lugar no pinhal da Foz

O PCP realizou no passado domingo, 4 de Julho, a sua tradicional Festa de Verão, no pinhal junto ao Penedo Furado (Foz do Arelho). Trata-se do terceiro ano em que esta iniciativa decorre no pinhal que é propriedade daquele partido, depois de durante perto de 30 anos ter tido lugar na mata Rainha D. Leonor.
Os comunistas reunidos falaram das dificuldades que o país e o concelho caldense atravessam, sobretudo ao nível do desemprego e perda da qualidade de vida.
“O que leva um conjunto de pessoas a trocar um domingo descansado para estar aqui a trabalhar?” A resposta vem do próprio Filipe Santos, membro do comité central do PCP, referindo-se à motivação dos comunistas para lutar por uma vida melhor.
O militante, que fez uma intervenção politica em substituição do deputado da Assembleia da República, Bruno Dias – que acompanhava a visita do Presidente da República a Cabo Verde – falou das diferenças deste partido em relação aos outros “da burguesia” e reiterou os objectivos supremos da construção do socialismo e comunismo, de uma sociedade nova, liberta da exploração do homem pelo homem, da opressão, desigualdades, injustiças e flagelos sociais.
O dirigente comunista lembrou que este partido sempre se opôs à adesão de Portugal à então CEE (mais tarde União Europeia) e que o tempo veio dizer que tinham razão, dando como exemplo o declínio dos sectores da cerâmica e da pesca, “fruto desta integração”.
“Também a agricultura sofreu com isso pois foi um sector que foi praticamente liquidado, consequência da nossa entrada na UE”, disse Filipe Santos, acrescentando que esta adesão teve implicações na qualidade de emprego, salários, perda de qualidade de vida e do ponto de vista da soberania. “O país não pode sobreviver se não tiver produção, se não for autónomo”, salientou.
Filipe Rodrigues criticou ainda a proposta de alteração dos feriados e as medidas de austeridade do governo, que diz serem um novo patamar na ofensiva contra do poder de compra dos trabalhadores e reformados. Considera mesmo uma “provocação” quererem alterar os feriados do 25 de Abril e 1º de Maio.
O PCP vai agora tentar reforçar a sua acção junto dos trabalhadores, assim como na divulgação do partido, através dos seus meios de comunicação.

Número de desempregados no concelho “é preocupante”

Vítor Fernandes pôs os presentes ao corrente das dificuldades que atravessam os trabalhadores no concelho das Caldas. Disse que existem cerca de três mil trabalhadores inscritos no centro de emprego, um número superior à média nacional, e que o dirigente comunista diz ser “preocupante”.
Criticou as políticas dos governos PS e PSD, que têm originado o encerramento de muitas empresas, sobretudo no sector da cerâmica. Relativamente às últimas medidas de austeridade tomadas pelo governo socialista, diz que “têm vindo a sacrificar os que já são mais sacrificados”. E as formas de minorar o desemprego, como a criação do Hospital Oeste Norte, requalificação da Zona Industrial e a resolução do problema do termalismo, também estão agora em risco de não se concretizarem.
Vítor Fernandes denunciou ainda a falta de médicos nas freguesias rurais do concelho, uma situação que “envolve 6800 utentes”, na sua maioria pessoas de idade e carenciados financeiramente.
“Estas medidas tomadas pelo governo sem ter em conta a realidade do terreno vieram agravar os problemas do hospital porque entopem as urgências”, disse o também deputado comunista na Assembleia Municipal das Caldas da Rainha.
A situação também se tem vindo a agravar no campo social, com um aumento da pobreza e miséria. “Nas Caldas há cada vez mais pessoas a recorrer aos serviços de solidariedade social ou ao Banco Alimentar”, disse Vítor Fernandes, acrescentando que o PCP está atento e a fazer o possível para resolver os problemas da população, sobretudo no acesso à saúde e ao emprego.
O dirigente comunista lembrou a todos que a Festa do Avante se realiza de 3 a 5 de Setembro e apelou para que se ajudasse naquele evento.
O dia soalheiro de domingo acabou por “roubar” algumas pessoas à festa comunista. Ainda assim, ao início da tarde mais de meia centena de militantes e simpatizantes do partido ouviam, e acompanhavam, as melodias dos Ex-escudos, uma banda de música ligeira que animou a festa.
Pelo recinto, e à sombra dos pinheiros, vendiam-se batatas, mel, azeite, fruta da época e produtos hortícolas. Uma quermesse continha vários produtos cerâmicos das fábricas da região, algumas das quais já encerradas.