Capacidade de resposta operacional depende (também) dos empregadores

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A maioria dos bombeiros portugueses são voluntários e os das Caldas não fogem à regra. Isto significa que para ganhar a vida os bombeiros têm de ter uma profissão que possam conciliar com esta actividade voluntária. É que, quando surge uma chamada de urgência, tem que haver sempre bombeiros prontos a dar uma resposta rápida. Coisa que não será possível se os voluntários não puderem abandonar no momento o seu local de trabalho.

Nas Caldas o maior empregador de bombeiros voluntários é a Câmara Municipal. Há também funcionários de empresas privadas, bem como bombeiros que trabalham por conta própria.
Gerir as escalas é competência do comando e nem sempre a tarefa é fácil, sobretudo na época de incêndios, quando é preciso chamar ao quartel as equipas que estão apenas de prevenção e alguns dos elementos estão nos seus empregos.
Este nem sempre é um processo fácil de gerir, refere Nelson Cruz, embora no caso caldense isso seja facilitado pela postura de cooperação e diálogo que existe entre o município e os bombeiros.
Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas, diz que tem a noção do serviço público que é proporcionado pelos bombeiros e daí essa flexibilidade para que os bombeiros funcionários da autarquia e dos serviços municipalizados se ausentem quando é necessário.
O autarca acrescenta que os restantes colegas compreendem a importância destas ausências. O que também se verifica é que os próprios funcionários que se encontram nesta situação “são bons profissionais e compensam as ausências com profissionalismo porque têm a noção do serviço público que está inerente às duas actividades”.
O município não impõe limites a estas ausências, que são mais frequentes na época dos incêndios e por norma são dispensadas as burocracias, até pelo clima de confiança existente entre as instituições.
No sector privado, e de acordo com Nelson Cruz, as empresas também “são colaborantes”. Mas neste caso a situação é mais delicada e tem de imperar o bom senso “porque as pessoas tanto fazem falta aqui como nas empresas onde trabalham”, refere.
Por isso, este ano o comandante tentou gerir os recursos humanos sem recorrer a estas dispensas. É que apesar de a lei prever a possibilidade de três faltas por mês, os próprios bombeiros podem também ser afectados no médio prazo, sobretudo no sector privado. “Não sabemos se no final do contrato o trabalhador não vai ser penalizado pelas vezes que se ausentou por ser bombeiro”, observa Nelson Cruz.
No entanto, há sempre bons exemplos. É o caso de empresas que oferecem esse tempo pago aos trabalhadores que são bombeiros, outras que lhes proporcionam mais dias de férias, e outras que simplesmente autorizaram a dispensa sem ser necessário qualquer tipo de requerimento do comando, realça Nelson Cruz. Este tipo de consciência dos empresários “ajuda-nos a ser mais eficazes”, acrescenta.