Comerciantes querem manter a rua Heróis da Grande Guerra aberta ao trânsito

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114Um estudo sobre a mobilidade da cidade contém um inquérito que revela que 230 comerciantes das artérias centrais das Caldas são a favor da permanência da abertura ao trânsito da rua Heróis da Grande Guerra, mesmo depois de terminadas as obras da regeneração urbana.

A direcção da ACCCRO, que promoveu este estudo, realizou uma conferência de imprensa, a 20 de Maio, para apresentar os seus resultados e também algumas sugestões à Câmara das Caldas. A associação quer que a autarquia faça um plano para a renovação da sinalética urbana e outro para a promoção da cidade. No estudo é ainda salientada a falta de lugares de estacionamento no centro, mesmo depois de inaugurado o novo parque na praça 25 de Abril.

 Agora que as obras de regeneração urbana estão a terminar, é altura de decidir se a rua Heróis da Grande Guerra irá manter-se aberta ao trânsito automóvel, uma decisão para o qual a ACCCRO pretendeu contribuir de uma forma positiva com este estudo.

Em Fevereiro de 2013 tinha sido apresentado na autarquia um abaixo-assinado, com 130 assinaturas de comerciantes que pediam ao executivo a reabertura ao trânsito desta rua, enquanto se realizavam as obras de regeneração. A reabertura acabaria por acontecer em Julho desse ano.

“Na altura isso não foi consensual, mas hoje é óbvio que teria sido caótico, para o trânsito no centro da cidade, que a decisão não tivesse sido tomada”

, referiu Paulo Agostinho, presidente da ACCCRO.

Este estudo, que foi realizado pelos serviços internos da associação de comerciantes durante um ano, já foi entregue à Câmara.

Sem verba para contratar uma empresa que realizasse este estudo, a associação tentou fazer o melhor que pôde com os meios que dispõe.

O documento, intitulado “Mobilidade Central”, contém um inquérito a 230 comerciantes de 14 artérias na zona central das Caldas, dos quais 206 responderam que queriam que o trânsito se mantivesse entre o cruzamento dos CTT e a rua Emídio Coelho, mesmo depois de terminadas as obras de regeneração urbana. A maioria (65,5%) quer que essa abertura ao trânsito seja permanente e não mista (encerrar em ocasiões especiais).

Para que esta medida seja permanente, a ACCCRO faz algumas propostas de alteração na rua, nomeadamente a retirada de algumas das floreiras (que devem passar a ser intercaladas com pinos nas zonas com menos espaço para os peões).

“As floreiras devem ser colocadas noutros locais da cidade, que é demasiado cinzenta”, referiu o presidente da associação. Propõem ainda que o limite de velocidade naquela zona continue a ser de 20 km/h.

A associação convidou ainda Joaquim Ladeira Baptista, administrador da Thomaz & Santos, que deu o seu apoio à manutenção da abertura ao trânsito da rua Heróis da Grande Guerra.

Estacionamento continua insuficiente

O relatório de mobilidade faz uma caracterização do concelho, composto por 51.795 habitantes (dos quais 27.652 estão na área urbana), mas com 115 mil pessoas nos concelhos limítrofes e um total de 360 mil na região Oeste.

Paulo Agostinho salienta que Caldas da Rainha é o concelho com maior poder de compra da região. A associação fez questão de fazer uma comparação com outras cidades da dimensão das Caldas, sendo notório que o número de estabelecimentos é muito superior. Mesmo a Figueira da Foz, zona mais turística, tem apenas 360 estabelecimentos, quase metade dos 664 espaços comerciais caldenses.

Desses 664 estabelecimentos inseridos na zona central da cidade, há 84 pastelarias e 48 restaurantes, sendo os restantes de sectores como o vestuário, calçado e outros.

O presidente da ACCCRO salientou que, para além da oferta comercial e de serviços privados, existem ainda uma série de entidades públicas

“que contribuem para condicionar o trânsito e os lugares de estacionamento”.

Numa área consideravelmente abrangente, entre o parque da Parada no Parque e o que existe junto à OesteCIM, foram contabilizados 2130 lugares (dos quais 1095 são cobertos e 1035 descobertos). A este número soma-se mais 300 lugares nas várias ruas centrais.

O estudo comparou esse número com grandes superfícies comerciais, como o Leiria Shopping (1980 lugares) e o Colombo (4600). E chegou à conclusão que, tendo até em conta a oferta disponível de lojas e serviços, não há lugares suficientes para a procura.

Como a Câmara quer colocar parquímetros em algumas das artérias da cidade e pediu à associação uma opinião, o relatório aponta ainda quais os lugares que sugerem que passem a ser pagos.

O documento contempla ainda um estudo com as contagens dos veículos que passam por hora nas três principais artérias da cidade (ruas Heróis da Grande Guerra e Coronel Soeiro de Brito e Praça da República). Segundo os resultados, é na Praça da República que existe uma maior afluência de viaturas (em média 521 por hora), seguido da rua Heróis da Grande Guerra (432/hora) e da Coronel Soeiro de Brito (190/hora). De acordo com o estudo, a grande maioria são veículos ligeiros (embora na rua onde está a Rodoviária essa percentagem seja menor).

O relatório contém ainda a realização de trajectos, a pé e de carro, para aferir do tempo que os caldenses e visitantes demoram nesses percursos. A associação alerta para o facto de se verificar uma ausência de sinalética apropriada para que os condutores se possam movimentar facilmente no interior da cidade. Alguns dos exemplos mais flagrantes são a nova rotunda junto à estação da CP e o Chafariz das Cinco Bicas, onde não existe nenhuma sinalização a indicar as direcções disponíveis.

“Quem não conhecer a cidade, não consegue circular”, alertou Paulo Agostinho.

A associação comercial propõe a revisão de um projecto de sinalética para a cidade, que terá de contemplar a uniformização de modelos e cores das placas identificativas, a uniformização dos suportes das placas e a integração no projecto global para o município.

Paulo Agostinho aproveitou ainda a oportunidade para deixar uma sugestão à Câmara de que realize um plano de promoção da cidade

“para conseguirmos captar mais visitantes e voltarmos a ter a influência que tivemos“.

Para concluir, o presidente da ACCCRO lamentou que, com as obras de regeneração urbana quase concluídas, seja óbvio que, em termos de mobilidade, está tudo na mesma.

 

“A cidade está mais bonita, mas está mais difícil de circular dentro dela”, referiu.