Quercus contra instalação de novo parque eólico na Serra dos Candeeiros

0
1656
notícias das Caldas
A proximidade do parque eólico já existente na Serra dos Candeeiros é um dos argumentos que leva a associação a discordar

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza não concorda com o licenciamento de mais um parque eólico na Serra dos Candeeiros. Em causa está o Parque Eólico da Portela do Pereiro, que prevê a instalação na freguesia de Évora de Alcobaça de quatro aerogeradores com um potência total prevista de 8 MW, a construção de uma rede eléctrica e um posto de corte (que secciona a energia produzida).
Em Fevereiro de 2011 o anterior governo emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada e aguarda-se agora a decisão da Agência Portuguesa do Ambiente. Mas a associação ambientalista mantém a posição contra o projecto, argumentando com a necessidade de conservar a fauna e a flora de um local protegido e com as condicionantes previstas no Plano de Ordenamento do Parque Natural.

A Quercus, num documento recente, mantém a posição que teve aquando da fase de consulta pública do estudo prévio do projecto, que está previsto para “uma área sensível do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e no Sítio de Importância Comunitária Aire e Candeeiros da Rede Natura 2000”. Por esse motivo, há que assegurar a biodiversidade nestas áreas, conservando os habitats naturais existentes, a fauna e a flora.“A instalação de parques eólicos em áreas naturais, particularmente nas zonas mais sensíveis, pode ter implicações negativas relevantes sobre a preservação dos habitats, das espécies e da paisagem, nomeadamente devido à abertura de novos acessos e à colisão de aves e morcegos com os aerogeradores”, alerta a associação.
A perda do uso do habitat pelas espécies selvagens é uma consequência apontada à perturbação causada pelos aerogeradores. Um aspecto que assume uma importância acrescida, tendo em conta que na Serra dos Candeeiros se encontra a gralha-de-bico-vermelho, que está em vias de extinção.
O impacto do parque eólico na população de morcegos também preocupa os ambientalistas porque nesta serra existem diversas grutas que abrigam populações de morcegos ameaçados e legalmente protegidos. Para estes casos, os especialistas defendem que devem ser mantidas áreas de exclusão à construção de parques eólicos entre cinco a 15 quilómetros de abrigos de importância nacional de morcegos.
No que se refere à flora, a Quercus diz que na área do projecto “foram inventariadas 117 espécies, sendo que 10 se encontram protegidas pela Directiva Habitats e duas espécies são protegidas por legislação nacional específica”.
Já quanto ao ordenamento do território, a associação alerta para as condicionantes implicadas pela classificação da zona como “Conservação da Natureza” e “Paisagem Protegida” no Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros.
Por fim, a Quercus salienta que já existe um outro parque eólico na Serra dos Candeeiros e que é necessário ter em conta “o efeito cumulativo que pode surgir quando vários parques eólicos e suas estruturas associadas estão presentes dentro de uma área ou um corredor de voo”. O que também contribuiu para o efeito cumulativo é a combinação dos parques eólicos com outras actividades, neste caso com as pedreiras que se multiplicam pela serra.
A associação defende que “neste projecto não foi efectuada uma correcta ponderação de interesses”, o que terá originado a Declaração de Impacte Ambiental favorável emitida em Fevereiro de 2011. Já em 2010 outras organizações ambientais como a OIKOS e a GEOTA tinham apontado que as consequências do projecto não tinham sido devidamente avaliados no Estudo de Impacte Ambiental e defendiam que não deviam ser implantados novos parques eólicos na Serra dos Candeeiros.