Especialistas alertam para cuidados com a esclerodermia

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Assinalou-se, na passada segunda-feira, dia 29 de Junho, o Dia Mundial da Esclerodermia, que no nosso país afecta entre 2500 a 3000 pessoas. Estes doentes podem já sofrer de doença respiratória crónica e ainda ter complicações agudas causadas por infecções respiratórias graves, como a pneumonia. Cuidados com a covid-19 merecem atenção

A esclerodermia é uma doença autoimune rara, que se caracteriza por fibrose da pele e dos órgãos internos e por problemas vasculares. Deve designar-se, de forma mais correta, por “esclerose sistémica”, dado o potencial de envolver vários órgãos para além da pele.
“É mais frequente nas mulheres, podendo aparecer em qualquer idade, mas com um pico de maior incidência entre os 20 e os 50 anos. Estima-se que em Portugal existam cerca de 3000 casos”, explica a médica Susana Oliveira.
A coordenadora da Consulta de Esclerose Sistémica do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora), frisa que os sintomas “são variáveis de doente para doente, bem como a gravidade”.
As manifestações clínicas mais frequentes são má circulação dos dedos, azia, dificuldade em engolir, endurecimento da pele, dores articulares, dificuldade respiratória. Qualquer zona da pele pode estar envolvida, embora seja mais habitual nas mãos e na face. Dos órgãos internos, salientam-se o atingimento do pulmão, do coração, do tubo digestivo e do rim.
Segundo aquela especialista, de acordo com o tipo de atingimento da pele, classificam-se diferentes tipos de esclerose sistémica: esclerose sistémica limitada (atinge a pele da face, mãos e antebraços); esclerose sistémica difusa (atinge a pele de forma mais difusa para além das zonas atingidas nas formas limitadas); e esclerose sistémica sem esclerodermia (não envolve a pele e atinge os órgãos internos).
Qualquer um destes tipos pode envolver órgãos internos e a evolução da doença difere de doente para doente, sendo em geral mais agressiva nas formas difusas e com atingimento de órgãos internos.
“Apesar da evolução progressiva, é mais frequente o agravamento da doença nos primeiros 3 a 5 anos, entrando depois numa fase mais estável”, firsa Susana Oliveira.
O diagnóstico baseia-se na conjugação de manifestações clínicas, suportado por alterações laboratoriais. Alguns exames complementares devem ser realizados para avaliar o atingimento de órgãos internos, nomeadamente o pulmão e o coração, que nas fases iniciais podem não originar sintomas percetíveis para o doente.
Apesar de não existir cura para a doença, existem atualmente fármacos imunossupressores que parecem alterar e minimizar a evolução da doença. Para além disso, existem as chamadas terapêuticas sintomáticas, que são dirigidas aos sintomas que cada doente apresenta.
Para a pneumologista Maria José Guimarães, Coordenadora do Serviço de Pneumologia do Hospital da Luz de Guimarães, esta doença tem sintomas muito variados, uma vez que tem envolvimento ao nível de vários órgãos, “e como tal, também pode afectar o pulmão”.
Assim, os doentes com Esclerose Sistémica ou Esclerodermia “para além de poderem já sofrer de doença respiratória crónica podem ainda ter complicações agudas causadas por infeções respiratórias graves, como a pneumonia”.
Segundo aquela clínica, as pessoas devem “auto analisar-se e perceber se estão a sentir algo que esteja relacionado com a covid-19 que poderão já ter sentido antes ou se os sintomas são diferentes do habitual. E devem ter em atenção que a febre e a falta de ar neste cenário de covid-19 é mais acentuada do que o habitual”, alerta.

ss