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Na Praceta da Oliveira, na aldeia da Sancheira Grande, existe agora uma pequena biblioteca. Inaugurada a 26 de Janeiro, a Sancha, como é apelidada, é a sexta biblioteca do género em Portugal e a número 77.395 da rede internacional Little Free Library, assentando no principio “leve um livro, partilhe um livro”. Este projecto de leitura pública foi desenvolvido pelos alunos do 2º ciclo do Complexo Escolar do Alvito, coordenados pela professora Ângela Oliveira e em parceria com a Biblioteca Municipal de Óbidos.
Um barril de 100 litros alimenta agora o conhecimento. Foi recuperado e transformado para receber a mais pequena biblioteca da Sancheira Grande, denominada Sancha. Dentro do recipiente de madeira é possível encontrar 91 livros, entre policiais, romances, ensaios e infantis, dos mais de mil que já foram doados para o projecto e que se encontram na biblioteca do Complexo Escolar do Alvito.
A Sancha, que está aberta 24 horas por dia durante todo o ano, foi inaugurada no passado dia 26, com a presença em peso da comunidade local. A professora Ângela Oliveira, que é a mentora do projecto (gerido em conjunto com João Tormenta da Biblioteca Municipal), disse que pretendem que este seja um veiculo de comunicação e transmissão de conhecimento entre todos. O princípio que lhe está subjacente é “leve um livro, partilhe um livro”, em que qualquer pessoa pode levar, ler e também partilhar obras.
A gestão da pequena biblioteca está a ser feita pelos alunos e docentes de português do 2º ciclo do Complexo do Alvito, que estão a catalogar os livros recebidos e a dinamizar a página na internet.
Os jovens irão deslocar-se, mensalmente, à Sancha para deixar livros, recolher outros e responder às solicitações dos leitores. Simultaneamente, irão promover sessões publicas, nomeadamente no Centro de Convívio Melhor Idade, com a declamação de poemas e de contos e apresentação de livros. A primeira que está prevista tem por temática a saúde e a diabetes.
Ainda durante esta semana estava também prevista a abertura da pequena biblioteca para o mundo, com a sua inclusão da sua localização na rede internacional. Ângela Oliveira lançou o repto para que “este sonho se replique e tenha ressonância noutros sítios do concelho”, no que foi corroborada pelo presidente da Câmara, Humberto Marques, ao desafiar outros presidentes de junta a aproximarem-se da Educação e ampliarem esta rede internacional de pequenas bibliotecas.
“Este é um exemplo da escola pública que queremos, que transborde para o espaço público e interaja com a sociedade civil”, disse o autarca, destacando ainda as relações intergeracionais que este projecto ligado à literatura permite.
Abrir as portas à comunidade
Também presente na inauguração, o novo director do Agrupamento de Escolas de Óbidos, José Santos, partilhou com os presentes que teve a sorte de crescer no meio dos livros e realçou a sua importância para a formação da personalidade de cada um. “A Sancha permite que todos tenham acesso aos livros e sonhem, mas também para abrir as portas à comunidade e que as pessoas se embrenhem no sucesso dos seus filhos”, salientou o responsável, que espera que o projecto possa crescer.
Nascido e criado na Sancheira Grande, a 150 metros do local onde se encontra agora a Sancha, o presidente da Junta de Freguesia de A-dos-Negros, Heitor da Conceição, disse estar “orgulhoso” com o projecto que possibilita que as pessoas, especialmente da sua terra, leiam um pouco mais.
Em dia de inauguração houve uma maratona de poesia, que arrancou a “Mensagem”, de Fernando Pessoa, declamada por Maria Natércia Oliveira, de 77 anos. Esta septuagenária voltaria para recitar um poema da sua autoria, assim como outros populares da terra. Houve ainda famílias inteiras a partilhar leituras, assim como alunos do complexo escolar.
A pequena biblioteca conta, desde o início, com o apoio da Junta de Freguesia de A-dos-Negros e da Câmara de Óbidos, tendo ainda estabelecido parcerias com várias instituições (Fundação Francisco Manuel dos Santos, Fundação Mário Soares, INATEL, Millenium BCP, Lions Clube de Caldas), livrarias (Porto Editora, Bruaá e Leya) que doaram publicações e a Gazeta das Caldas que ofereceu uma assinatura.
A rede internacional Little Free Library contempla já perto de 90 países e em Portugal a Sancha é a oitava, depois da criação de pequenas bibliotecas em Lisboa, Porto e Açores.
