Armazém das Artes fecha por tempo indeterminado

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O mentor do projecto, José Aurélio, diz que esta será “uma paragem para repensar e tentar encontrar novas formas de manutenção do espaço”

A 24 de Março de 2007 Alcobaça celebrava a inauguração do Armazém das Artes, a Fundação Cultural que veio dar nova vida a um espaço que em tempos tinha sido uma serralharia e um armazém de vinhos. Cinco anos depois, o aniversário é comemorado com um sentimento agridoce. É que o dia que assinala cinco anos de promoção da cultura, marca também o fecho de portas por um período que se quer temporário, mas não se sabe quanto tempo vai durar.
À Gazeta das Caldas o mentor do espaço, José Aurélio, diz que esta é “uma paragem para repensar e tentar encontrar novas formas de manutenção do espaço”. Já em 2007, o escultor admitia que a ambição quanto à fundação era “desmedida”, dada a falta de apoios públicos e a incerteza quanto à forma de financiamento e manutenção da galeria. Agora, diz-se perante “um esforço demasiado grande para os benefícios que está a ter”, e por isso “tal como está, o Armazém das Artes não pode continuar”.
José Aurélio salienta que a fundação “cresceu muito” e que actualmente não há uma estrutura capaz de a manter. É hora de repensar o projecto, que durou 12 anos a passar do sonho à realidade, mas que se concretizou graças ao capital do próprio escultor, de apoios de entidades privadas e de cerca de 60 pessoas amigas que compunham o Conselho de Administração. E durante estes cinco anos de funcionamento, nenhuma entidade pública, nem mesmo a autarquia alcobacense, nem a administração central, contribuiu para aquele espaço, que promoveu inúmeros acontecimentos culturais, muitos deles de entrada gratuita. “Tivemos várias promessas, mas nada se concretizou”, diz o escultor, acrescentando que “nem apoios circunstanciais que não envolvessem dinheiro conseguimos”, ainda que por lá tenham passado alguns governantes. Na inauguração esteve mesmo presente o secretário de Estado da Cultura de então, Mário Vieira de Carvalho.

Sem apoios, os responsáveis pela fundação cultural vêem-se obrigados a repensar a existência do espaço

Nos últimos três meses foi feito um último esforço para chamar as pessoas ao Armazém das Artes e a programação intensificou-se, com propostas em várias áreas e para diferentes grupos etários. Mas José Aurélio diz que a crise que o país atravessa se reflecte logo na cultura e “as pessoas não estão muito empenhadas em acontecimentos culturais”. Além disso, “na nossa terra  [Alcobaça] há uma crise endémica de anti-cultura”, lamenta, acrescentando que “os políticos só se lembram da cultura quando é para fora”.

“Vamos recomeçar sem o sonho, não se pode sonhar tanto”

“Quando abrimos foi com a intenção de sermos o mais possível auto-suficientes. Fizemo-lo durante cinco anos, mas não podemos continuar assim”, afiança José Aurélio. E ainda que o Armazém das Artes feche as portas, o escultor vinca que é para “voltar a abrir com condições”, afirmando-se convicto de que isso vai acontecer em breve.
“Vamos recomeçar sem o sonho, não se pode sonhar tanto. Estava convencido que iam acontecer algumas coisas que não aconteceram. Queremos reabrir com os pés assentes na terra”, diz.
Este intervalo na vida do Armazém das Artes é mais um motivo para que o 5º aniversário se comemore “com alegria e de olhos postos no futuro”.

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Programa do 5º aniversário

10h00 – “O Som das letras” – oficina para crianças dos 6 aos 9 anos
12h00 – “Vamos pintar a música”- oficina para famílias com crianças a partir dos 4 anos
15h00 – Concerto da Banda de Alcobaça (Preparação do 4º concurso de bandas – Ateneu Artístico Vilafranquense)
16h00 – Conversa sobre o passado, o presente e o futuro do Armazém das Artes
16h30 – Lançamento do livro “As ilhas desconhecidas” de Raul Brandão e Jorge Barros, com apresentação de Fernando Dacosta e presença de Jorge Barros
18h00 – Inauguração da exposição “Aproximações” de Jorge Barros no Celeiro do Mosteiro – com a presença do autor
21h30 – Apresentação pública do resultado do Curso de Iniciação às Técnicas Teatrais realizado no Armazém das Artes durante os meses de Fevereiro e Março
22h00 – “Um momento com Sérgio Carolino”
22h30 – Jam Session

Joana Fialho

jfialho@gazetadascaldas.pt

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