Bruno Prates procura “despertar consciências” através do desenho

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Notícias das Caldas
A inauguração da exposição na Casa dos Barcos do Parque D. Carlos I | F.F.

A Casa dos Barcos, no Parque D. Carlos I, local onde foi inaugurada a primeira exposição de Bordalo Pinheiro, acolheu recentemente a mostra CaldasToon 2016 do cartoonista caldense Bruno Prates. São mais de meia centena de tiras onde os eleitos e representantes de entidades locais assumem o papel principal e na maioria das vezes não pelas melhores razões.
A exposição irá agora estar patente nas montras da Mercearia Pena e Café Capristanos, propriedade do anterior patrocinador do cartoon que sai semanalmente na Gazeta das Caldas.
Não sabe se é cartoonista ou caricaturista, mas assume que faz o que gosta. É assim que se define Bruno Prates, que semanalmente desenha tiras humorísticas sobre a cidade das Caldas da Rainha na Gazeta das Caldas. O resultado da rúbrica Caldastoon do ano 2016 esteve em exposição na Casa dos Barcos, entre 10 e 16 de Maio e segue agora para a Mercearia Pena e Capristanos.

Durante a inauguração, que decorreu ao final da tarde de 10 de Maio, os participantes foram unânimes em reconhecer a qualidade do trabalho de Bruno Prates. Entre eles, alguns dos caricaturados, como é o caso do presidente da Câmara, Tinta Ferreira, o candidato do CDS-PP, Rui Gonçalves, e o presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório, Vítor Marques, que reconheceram o humor com que o cartoonista os brinda. Tinta Ferreira admitiu que faz os “possíveis para não ser referenciado” e salientou que Bruno Prates criou um espaço que não existia nas Caldas. Acrescentou que a publicação dos cartoons na Gazeta das Caldas, à semelhança do que acontece com os jornais nacionais de referência, valorizou este semanário.
Isabel Castanheira, amiga do autor, falou sobre a caricatura e, pegando nas palavras de Rafael Bordalo Pinheiro, referiu que caricaturar é o mesmo “que pregar pregos no estuque das paredes, sem licença do senhorio”. Considera que ser caricaturista é ter uma profissão de risco, dando o exemplo do que aconteceu com os cartonistas do jornal francês Charlie Hebdo e que esta é uma actividade onde se arranjam inimigos.
Isabel Castanheira referiu ainda que as Caldas tem todas as condições para investir mais em realizações deste tipo, pois vai ter o World Press Cartoon este ano, é herdeira do espírito de Rafael Bordalo Pinheiro e tem uma nova geração, na qual se inclui Bruno Prates, “que se evidencia pela qualidade do seu trabalho”.
Os alunos do curso de Comunicação e Marketing da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro também participaram na inauguração, tendo caricaturado o edil Tinta Ferreira e a rainha D. Leonor para a TV Bordalo.
Quem vê a mostra fica actualizado com o que de mais relevante se passou nas Caldas aos olhos de Bruno Prates. Na escolha dos temas, o autor procura também dar um contributo informativo, ou seja, possibilitar que os leitores fiquem informados através do desenho. “Tento estar atento e de alguma forma fazer aquilo que se chama o despertar as consciências”, disse à Gazeta das Caldas.
Já teve chamadas de atenção, algumas ofensas (poucas) e muitos elogios. “As Caldas é uma cidade de pessoas simpáticas e educadas, que valorizam o facto de eu fazer desenhos e sobre a cidade, que é uma forma de eu estar activo e interventivo no meio local”, referiu. Um dos reparos que lhe foram feitos foi de que colocava muita quantidade de texto em cada vinheta, situação que tem vindo a corrigir e que acha que conseguiu. Bruno Prates gostaria, no entanto, de ter mais interacção por parte dos seus leitores, lamentando, por exemplo, que as suas tiras publicadas no site da Gazeta das Caldas não sejam comentadas.
Embora observador e crítico, o cartoonista tem a preocupação de não ferir susceptibilidades e evitar falar de alguns temas, como é o caso da religião.
Em ano de autárquicas, Bruno Prates já está a arregaçar as mangas, perspectivando muitos momentos propícios ao humor. Há quatro anos caricaturou cada um dos candidatos, acompanhado de um pequeno texto, tal como fazia Rafael Bordalo Pinheiro. Este ano pretende repetir o projeto, com os novos candidatos e está optimista pois os já conhecidos têm “traços fáceis de recriar”. F.F.