João Belga apresenta “Atelier 2” no Museu Bernardo

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Alguns dos trabalhos que vão estar expostos no Museu Bernardo

Catorze anos depois da sua primeira exposição individual no espaço que viria a ser o Museu Bernardo, João Belga volta a expor no mesmo local, propondo-se revisitar o mesmo tema, ou seja, a representação do seu atelier como forma de se auto-retratar.
A exposição, intitulada “Atelier 2”, inaugura amanhã, 5 de Março, às 17h00, e apresenta uma série de trabalhos inéditos de pintura, desenho e fotografia de João Belga.
Em 1997, este autor estava a frequentar o terceiro e último ano do curso de Pintura da ESAD (que na altura era bacharelato) quando foi convidado a participar no projecto Art Attack e apresentou uma instalação em que recriava o seu atelier.
Desta vez, será através de várias fotografias que o artista fará uma “viagem” pelo seu local de trabalho, ao mesmo tempo que analisa o que produziu ao longo destes anos.
“É uma tentativa de perceber um bocado a genealogia do meu trabalho, através da representação do meu atelier”, explicou João Belga à Gazeta das Caldas.
É por isso que na apresentação do evento, o artista usa a frase “fazes uma esplêndida imitação de ti próprio”, retirada do início do romance Lunar Park, de Bret Easton Ellis.
Mas essa será apenas uma das componentes da exposição, que apresentará também vários trabalhos realizados durante o último ano, alguns dos quais bem recentes. O ponto de partida para estes trabalhos foi uma exposição de João Belga na Casa Bernardo, no final de 2009.
Para os mais curiosos, o blogue de João Belga (artraiseronecstasy.blogspot.com/) avança com algumas da propostas que serão vistas no Museu Bernardo.

“É bom para a cidade se todos colaborarem e funcionarem como um organismo vivo”

A exposição de há 14 anos serviu como forma de apresentar o seu trabalho de fim de curso, apesar de ter optado por não concluir o bacharelato. “Foi uma altura em que era conciliar tudo e achei que, como tinha oportunidades de expor, tinha de apostar em pintar”, explicou.
João Belga nasceu em Angola em 1968 e até aos 18 anos viveu no Barreiro, mas desde criança que tem uma ligação com as Caldas que é a terra dos seus avós maternos.
Depois de ter estado na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, ao qual não se adaptou, resolveu mudar-se para as Caldas da Rainha e frequentar o curso de Pintura da ESAD.
“Aqui nas Caldas vim encontrar condições para o que eu queria, que era ter um espaço para poder pintar, desenhar e experimentar, porque tínhamos o pavilhão enorme da Matel”, recordou.
João Belga salienta que o ambiente na ESAD era diferente do que é agora. “Era o terceiro ano em que a escola estava a funcionar e éramos ainda poucos. Em termos de trabalho permitiu-me seguir uma corrente menos académica e explorar”, referiu.
Acabou por se casar e instalar-se nas Caldas da Rainha, onde tem o seu atelier. “O centro artístico de Portugal é Lisboa, principalmente em termos comerciais e de galerias, e não é fácil manter uma ligação com esse meio quando não se está na capital”, comentou.
No entanto, Caldas da Rainha é também um local importante ao nível artístico, até por causa da existência da ESAD, e é aqui que João Belga se sente bem a criar.
Na sua opinião, seria importante que todas as entidades culturais, formais e informais, se juntassem e trabalhassem em conjunto. “Devia haver mais diálogo e cooperação entre todos. É muito mais valioso para a cidade se todos colaborarem e funcionarem como um organismo vivo”, concluiu.

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Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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