O beneditense Marco Galinha é o novo tubarão do Shark Tank

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Untsditled-1 copyMarco Galinha, 38 anos, é um dos novos tubarões do Shark Tank Portugal, programa televisivo da SIC, que este ano irá novamente para o ar na segunda temporada. O CEO do grupo Tabaqueira Bel (sediada em Turquel) falou à Gazeta das Caldas sobre o seu percurso empresarial, que começou logo aos 20 anos, revelando que a actividade da empresa começou nas Caldas da Rainha.
Maria Beatriz Raposo
Com apenas 20 anos, o beneditense fundou a primeira empresa do grupo Tabaqueira Bel, a Bel Network Solutions, vocacionada para as tecnologias de informação e para as soluções tecnológicas (como o desenvolvimento de aplicações e softwares). Um projecto que nasceu da paixão de Marco pelas máquinas inteligentes – os computadores – e que foi influenciado pela sua licenciatura em Engenharia Informática (Instituto Superior Técnico), mas principalmente pelo curso em Educação Executiva (Gestão e Marketing), na Universidade Harvard Business School. “Especialmente esta última faculdade ensinou-me o que de melhor se fazia no mundo. Ao contrário do Técnico, que não estimulava muito a criatividade, nos Estados Unidos os professores ouviam atentamente a opinião dos alunos, mesmo que não concordassem com eles, e adoptavam um método virado para o sucesso”, recorda o empresário.
Começando por empregar apenas um funcionário no seu primeiro ano de actividade – o próprio Marco – a Bel Network Solutions facturou cerca de 200 mil euros em 2001. Actualmente, da Tabaqueira Bel fazem parte 14 empresas maioritariamente ligadas aos sectores da distribuição alimentar e do tabaco e uma equipa de quase 200 pessoas, jovens empregados com uma média de idade de 30 e poucos anos e formação em Finanças, Economia e Gestão.
“A contratação de novos trabalhadores está principalmente a ser feita para o departamento de inovação que temos em Lisboa, porque queremos apostar em projectos novos, agora que já atingimos maturidade”, revela Marco Galinha, que facturou perto de 200 milhões de euros em 2015 no conjunto das actividades do grupo.
Crescer nos sectores “à prova de bala” foi o objectivo da Tabaqueira Bel, que apostou na distribuição alimentar e no tabaco por serem duas actividades resistentes às crises económicas. Em 2015, esta empresa foi considerada a maior de Alcobaça e Nazaré, pela consultora Informa D&B.
Segundo Marco Galinha, o grupo económico investiu na verticalização da empresa, ou seja, adquiriu empresas que garantissem a produção e outras que assegurassem a distribuição dos produtos finais. Ao nível do café, por exemplo, a Futurete garante a produção de máquinas e moinhos (60 unidades semanais), enquanto a Leirivendig e a Tabaqueira Bel asseguram a sua distribuição. Basta pensar, diz o tubarão: “se precisamos de imóveis para operar, por que não investir numa empresa imobiliária especializada na compra, venda e arrendamento dos mesmos? [Mistério da Terra SA] Ou se distribuímos tabaco, então faz sentido adquirir a DLP Portugal, que tem marcas próprias de tabaco e representa algumas das melhores fábricas do mundo”.
Além do tabaco (e respectivos acessórios) e do café, o grupo distribui ainda bebidas, chocolates, gomas, rebuçados e pastilhas, encarrega-se da instalação de máquinas de venda automática e da sua manutenção. Por semana, são realizadas entre 5000 a 6000 entregas a diferentes clientes.
Sediada em Turquel (Alcobaça) com instalações que ocupam 10 mil metros quadrados, a Tabaqueira Bel começou a sua actividade nas Caldas da Rainha com um espaço que não ultrapassava os 70 metros de área. “A região Centro e Oeste tem uma excelente localização para operar no país e apenas nos mudámos para Turquel porque surgiu uma excelente oportunidade com o imóvel”.
Se no ramo das máquinas e moinhos de café o principal cliente está no estrangeiro, no sector da distribuição alimentar a aposta é feita em Portugal. Ao nível das matérias primas utilizadas, 90% são nacionais.
Tendo em conta  a vertente tecnológica da Tabaqueira Bel, Marco acredita que o futuro reserva, nalgumas áreas de trabalho, a substituição da mão humana pela máquina, embora “o grupo vá sempre necessitar de um elevado capital humano”. Na opinião do empresário, no futuro as pessoas irão trabalhar apenas quatro dias por semana, reformar-se-ão mais tarde (por volta dos 75 anos), mas aproveitarão o tempo disponível para investir na formação e cultura.
“Fui convidado logo na primeira temporada”
Marco Galinha recusou o convite para a primeira edição do programa, porque estava ocupado com grandes operações na Tabaqueira Bel “e não era a melhor altura para ser exposto”. À segunda resolveu aceitar porque considera que “também faz parte das obrigações dos empresários tentar ajudar os que estão a começar”.
No programa de televisão Shark Tank cinco investidores decidem ou não investir em negócios que são apresentados em poucos minutos por empresários (ou aspirantes a empresários), que sugerem ao painel uma proposta de investimento. Marco Galinha revela que procura projectos ligados à indústria alimentar que casem com a estrutura da Tabaqueira Bel.
O empresário juntar-se-á aos investidores da primeira edição (João Rafael Koehler, Mário Ferreira e Miguel Ribeiro Ferreira) e à também estreante Isabel Neves.