Linhas orientadoras para o estudo – Caldas da Rainha, património e memória industrial da cidade cerâmica

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Amélia Sá Nogueira
Socióloga e Ceramista

O valor cultural dos testemunhos materiais e imateriais vinculados às atividades produtivas é hoje tido como um dos elementos fundamentais para a valorização, conhecimento e preservação da memória coletiva das sociedades humanas. Os estudos académicos desenvolvidos sobre a memória e o património industrial iniciam-se na Europa com o declínio e abandono das grandes unidades fabris que após o seu apogueu produtivo, na era da industrialização, passam a marcar a paisagem das cidades com as suas ruinas e a memória de muitos dos seus trabalhadores. Novos desafios profissionais levaram-me nas últimas semanas a cruzar-me com antigos funcionários de algumas das extintas fábricas cerâmicas existentes na cidade de Caldas da Rainha.
As conversas, as histórias ouvidas na primeira pessoa, ditam as linhas da minha crónica desta semana e a fazer a proposta, em jeito de desafio para a realização de um estudo de levantamento para memória futura do património e memória indutrial de Caldas da Rainha – Cidade Cerâmica.
Objetivo – Conhecimento, valorização e salvaguarda do património histórico material e imaterial ligado à indústria cerâmica na cidade de Caldas da Rainha. O espaço fábrica enquanto lugar cultural.
Metodologia – I – Inventariação, levantamento, georeferênciação das unidades fabris de pequena e média dimensão ligadas à produção cerâmica no concelho de Caldas da Rainha.
II – Recolha oral, memórias, fotografias, objetos, documentos, relatos biográficos, catálogos.
Agentes participantes – Análise aberta à participação multidisciplinar com enfoque na envolvente histórica, sociológica e atropológica de análise. Valorização da dimensão humana e dos relatos dos ex-trabalhadores da indústria cerâmica enquanto protagonistas da sua própria história industrial.
Pós-estudo – Criação de documento digital on-line. Criação de espaço museológico industrial abordando diversas áreas de atuação e intervenção, valorizando a ligação da história e memória industrial e abrindo pistas para futuros projetos na cidade.
Manter viva a ligação dos indivíduos à história local é um fator ao qual nem sempre atribuímos a importância devida e Caldas da Rainha será sempre uma cidade cerâmica enquanto tivermos a capacidade da a manter viva na memória de todos aqueles trabalhadores, homens e mulheres, que a recordam com saudade.