PAÇOS DO CONCELHO – Os gordos

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notícias das Caldas

Fazer um país (ou um concelho) crescer de forma sustentada é como, para qualquer pessoa, tentar manter-se saudável e em forma. É claro que todos gostam daquele doce com muuuuito creme, daquele prato com muuuuito molho ou daqueles queijos e enchidos com gordurinha. É claro que é mais fácil manter uma vida sedentária do que fazer desporto. A vida só por si já é tão corrida que quase ninguém tem tempo para fazer uma verdadeira corrida.

Depois de seis anos de Sócrates em que nos empanturrámos de dívidas para a festa das auto-estradas, Parque Escolar e ainda deu para um pequeno pé-de-meia suficiente para se estudar em Paris, o nosso país sofreu um enfarte do miocárdio. Ficámos na bancarrota. Tivemos de mandar vir uma Troika de médicos estrangeiros que nos disseram que teríamos de fazer dieta e de começar a fazer exercício físico. Muitos barafustaram, reclamaram, disseram que ainda íamos ficar pior mas os portugueses foram fantásticos. Deixaram de se dar com os socialistas, aquele grupo de amigos que nos levava só para as patuscadas, e fomos todos à luta. Ao princípio custou muito… largar os doces e a gordura a que estávamos habituados não foi fácil. Nas primeiras vezes que fomos ao ginásio, os músculos ficaram doridos. Pouco a pouco, lá fomos ganhando mais resistência (o desemprego baixou de 16,4% para 12,7%), fomos perdendo peso (o défice desceu de 11% para 3%), já acordávamos sem náuseas (depois da retração, já estávamos com um crescimento do PIB de 1,5%) e até o colesterol diminuiu (as taxas de juro da dívida soberana desceram de 17% para menos de 2%).
Ao contrário do que muitos acreditavam, em 2015 os médicos estrangeiros, os tais que nos obrigavam a fazer exercício e nos controlavam os doces, deram-nos alta e voltaram para os seus países. Também em 2015, a maioria relativa dos portugueses, nas eleições legislativas, decidiu continuar no mesmo caminho de vida saudável que vínhamos praticando. No entanto, apareceu um velho amigo nosso (um que até fazia parte do grupo que, de 2005 a 2011, nos ia matando) que nos convenceu que era possível continuarmos elegantes sem esforço nem dietas. Podíamos voltar a comer tudo o que quiséssemos, trabalhar menos e ganhar mais, e não tínhamos de fazer exercício. Ele acenou-nos com uma geringonça miraculosa. A maioria relativa dos portugueses não escolheu este caminho mas as várias minorias entenderam que estava na hora de pararmos com essa mania de sermos saudáveis. Para muitos foi o fim de uma fase difícil. Já não tínhamos de correr nem ir ao ginásio, já podíamos voltar aos doces e às gorduras e, pelos vistos, continuávamos elegantes.
O problema é que nos podemos enganar a nós mas não enganamos os médicos. Subimos na balança e o défice estava abaixo dos 3%. O médico sorriu. Mandou-nos fazer análises ao colesterol e verificou que as taxas de juro já passaram dos 4%. O médico lembrou-nos que foi assim que tudo começou a descambar há alguns anos atrás. Cabe-nos a todos decidir se é esse o caminho que queremos repetir ou se, pelo contrário, não seria melhor não desperdiçar o esforço que todos fizemos para sermos mais saudáveis e voltarmos a crescer de forma sustentada.
Está na hora de mudarmos novamente de grupo de amigos. Não é por estes terem perdido as eleições e terem derrubado o Governo numa altura em que não era legalmente possível marcar novas eleições. Não é por não terem essa legitimidade que normalmente os Governos têm. É porque precisamos de voltar ao bom caminho.
Afunilando agora do nacional para o local, nas Caldas da Rainha importa manter a inércia que a Nova Dinâmica encabeçada por Tinta Ferreira emprestou ao concelho desde 2013. A inércia de um objeto é a característica que esse objeto tem de se manter em aceleração pelo facto de já estar a acelerar. As Caldas estão em franco crescimento. Não é altura de pôr fim a essa inércia.