De Palavra em Riste|Miscelândia de assuntos

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Gazeta das Caldas

Em tempos de pré-campanha para o processo eleitoral Autárquico, os contactos, institucionais ou resultantes do simples acaso de encontros e conversas de rua, têm permitido estabelecer pontos de aferição muito úteis e valiosos sobre a realidade do concelho.
Eis alguns exemplos:
1 – Segundo dizem, parece que esta última Feira dos Frutos correu melhor do que edições anteriores. Sendo o cerne do certame a promoção das capacidades frutícolas da região, seria bom que avaliação estabelecida tivesse em conta, sobretudo, a eficácia com que aquele objectivo poderá ter sido atingido e menos, apesar de importante, pela tendência de medir o impacto apenas pela afluência de público, em boa parte motivado pela programação dos espectáculos, cujo orçamento global foi elevado, mas, como é sabido, sempre tão convenientes com eleições à porta.

A convite da organização, uma delegação do PCP visitou a Feira, ouvindo e recolhendo diversas opiniões dos produtores acerca das principais questões que afectam o sector e delas ressalta as condições que se verificam quanto à comercialização da pera-rocha: com um preço de referência ao produtor estimado em 15 cêntimos o quilo, chega a ser adquirida a 9 cêntimos/Kg, devido à cupidez dos grandes supermercados que, face, em alguns casos, à dificuldade de escoamento de uma produção que pode atingir as 30 toneladas por hectare, força o abaixamento do preço, vindo depois a colocar a fruta à venda por 1.49 €, margem de lucro desavergonhadamente excessiva. Uma regulação activa possibilitaria desde logo a justiça de uma maior vantagem aos produtores e uma poupança de custo ao consumidor, sendo que as grandes superfícies continuariam a ganhar dinheiro, só que não da forma imoral como agora o fazem.
A talhe de foice, ainda no plano agrícola, há que sublinhar que a resolução dos problemas técnicos e jurídicos da Barragem de Alvorninha, num concelho de terrenos excepcionalmente férteis como o de Caldas da Rainha, teria uma indiscutível relevância no aumento da área útil de cultivo, cuja média, como é referido no Plano Estratégico, se situa abaixo da média nacional.
2 – Sobre o anteprojecto de instalação de uma unidade hoteleira nos Pavilhões do Parque, está a estabelecer-se, entre os caldenses, um consenso cada vez mais alargado sobre o carácter abusivo e invasivo das pretensões da Visabeira, a qual, a contrapelo do PDM, pretende avançar com barreiras arquitectónicas de volumetria excessiva, sonegando espaço público em seu exclusivo proveito, eliminando ligações e acessos ao Parque e pondo mesmo em risco a preservação das águas termais com a construção de uma cave subterrânea de 3 pisos. Estando pressentida, em documentos anteriores, uma discussão pública sobre este assunto pergunta-se: para quando terá ela lugar? E para quando o pedido de parecer, obrigatório e vinculativo, à Direcção-Geral do Património Cultural? Ou será que se pretende escapar por entre os pingos da chuva, enquanto se vai atirando barro à parede a ver se pega?
3 – Entretanto, na Linha do Oeste, continua o folhetim e a saga escandalosa dos atrasos e de comboios suprimidos, substituídos por autocarros, com considerável prejuízo dos passageiros a quem, frequentemente, não são prestadas nenhum tipo de informações. A actuação da administração da CP já atingiu as raias do inadmissível, revelando um absoluto desprezo pelos utentes.
4 – Nos Bombeiros, de que nunca será demais elogiar a sua abnegação e competência, apesar da gestão rigorosa e sem défice que é praticada, são múltiplas as dificuldades financeiras e os pesados encargos que enfrentam. A qualidade do serviço prestado à comunidade merece o reforço do apoio da Câmara, nomeadamente na comparticipação dos seguros de um parque automóvel com mais de 50 viaturas.

José Carlos Faria