Pingo Doce, um bom exemplo

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Gente boa, simpática, solidária, inteligente. São assim, muitas vezes, os portugueses. Porém, também temos um lado menos bom. Não aceitamos facilmente o reparo e até mesmo a útil sugestão frequentemente nos perturba. Isso acontece individualmente mas também ao nível das organizações que, movidas muitas vezes por diversos interesses, esquecem o essencial e o essencial são as pessoas. Afinal são as pessoas a razão de todos os projectos, sejam eles políticos, sociais, ambientais, empresariais ou familiares. Querer ganhar dinheiro, muito dinheiro, leva a que muitas vezes se tomem decisões pouco ou nada equilibradas. Decisões injustas, muitas vezes. Mas “chega” de conversa. Vamos ao que me trouxe aqui:
Há algumas semanas, ao estacionar o meu automóvel no parque de uma das lojas Pingo Doce, em Caldas da Rainha, tive o azar de o fazer junto aos três metros de lancil mais alto. Como consequência, ao raspar com a parte plástica do pára-choques (spoiler) dianteiro, aconteceu que no momento do recuo, apesar do cuidado, este sofreu danos significativos. Apresentada a situação na loja, na tentativa de ser ressarcido pelo prejuízo sofrido e apresentada também a óbvia sugestão para que o lancil fosse corrigido, não fui compreendido nas minhas alegações. Por essa razão e pela clareza demonstrada em atribuírem-me exclusiva responsabilidade pelo dano sofrido, decidi solicitar o livro de reclamações. Mais tarde, já em casa, nesse mesmo dia, escrevi ainda uma carta à administração da loja, expondo, com todo o pormenor, esta situação. Pus a tónica sobretudo na necessidade de alterar o “maldito” lancil, para que outros não tivessem o mesmo azar. Falei também no descontentamento pelo atendimento, deixando claro que não me sentiria engrandecido com qualquer penalização aos colaboradores da loja que me atenderam.
Alguns dias depois de expedida a carta, sem telefone para contacto e sem nº de porta (numero de polícia), fui procurado na minha residência por uma jovem e simpática gestora do Pingo Doce. Foram-me apresentadas desculpas pelo atendimento antes prestado e fui informado que seria feita participação ao seguro que, em seu entender, iria assumir o reparo da viatura. Na verdade não foi isso que aconteceu numa primeira decisão da seguradora. Porém, a meu pedido, uma segunda apreciação do caso determinou o ressarcimento pelos danos sofridos.
Agora, em conclusão, quero dizer o seguinte: Considero que devemos reclamar sempre que sofremos prejuízos sem que disso sejamos culpados. É isso que faço nesses casos. Porém, também gosto de elogiar e faço-o muitas vezes quando para tal tenho razões. Considero mesmo que devíamos ter sempre ao dispor um livro de elogios. Neste caso, irei dar conta da minha satisfação à administração do Pingo Doce, mas entendo também que devo torná-lo do conhecimento público por o considerar um bom exemplo. Parabéns ao Pingo Doce. Gostei de saber que os seus clientes merecem mesmo a sua melhor atenção. Acredito que, sempre que possível, o mesmo acontecerá com os seus funcionários. Muito obrigado e votos de muito sucesso, inclusive à útil e inteligente gestora que me procurou.

Garcia Cruz