Alcobaça pode vir a acolher Centro de Competências da Fruticultura

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CristasMata1O trabalho feito por Joaquim Vieira Natividade em Alcobaça pode, mais de meio século depois, contribuir para colocar o concelho em destaque no mapa da investigação nas áreas do sobreiro e da fruticultura. A visita da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, à Estação Nacional de Fruticultura de Vieira Natividade, em Alcobaça, deixa no ar a hipótese de ali ficar sedeado um futuro centro de competências para a fruticultura.

No passado dia 11 de Julho, começou cedo para Assunção Cristas. Acompanhada pelo secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, a ministra deslocou-se ao Oeste para saber como pode a investigação ajudar a produção agrícola e frutícola nesta zona de solos de excelência.
A primeira paragem foi na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche, onde se inteirou dos muitos projectos que ali estão a ser desenvolvidos, alguns tão inovadores como a utilização de algas para conservação de fruta em prateleiras de superfícies comerciais. Ainda a manhã ia a meio e já a governante chegava à Mata Nacional do Vimeiro, onde entre 1930 e 1950 Joaquim Vieira Natividade levou a cabo importantes trabalhos de investigação da Estação Experimental do Sobreiro.
Numa altura em que a Fileira do Sobreiro e da Cortiça está em grande destaque, os responsáveis políticos locais – nomeadamente a Câmara de Alcobaça e a Junta do Vimeiro – querem aproveitar para ver realizado um desejo antigo – a mata a ganhar uma vida nova e a sair de vez do esquecimento a que parecia estar votada.
Assunção Cristas admite que o “laboratório vivo” que é a Mata Nacional do Vimeiro pode ser de grande utilidade para a fileira, que desde o passado mês de Maio conta com um Centro de Competências do Sobreiro sediado em Coruche. “Basta utilizar este espaço para verificar, recolher informação, aproveitar este trabalho que aqui foi instalado há muitos anos atrás”, disse.

UMA APOSTA NA INVESTIGAÇÃO

O Centro de Competências do Sobreiro insere-se no trabalho que está actualmente a ser desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e do Mar com o intuito de aproximar a investigação das áreas agrícola e florestal. E a prioridade vai para os “sectores que carecem e estão ávidos de resultados de investigação para aplicar nas suas funções produtivas”, aponta a governante. E depois do sobreiro e do tomate, a fruticultura deverá contar em breve com o seu próprio centro de competências.
O que se pretende é pôr os diversos actores e estruturas ligados ao sector a trabalhar em rede, a apontar claramente quais as necessidades do ponto de vista da investigação e os objectivos a alcançar nos próximos anos. Um trabalho para ser feito em diversas áreas, como a conservação, a produção ou a resistência a pragas.
A tutela quer saber “quais são os objectivos concretos para os vários domínios, quem são os actores que se podem conjugar, quem pode ajudar a financiar. Temos naturalmente os fundos comunitários, mas não há nada como pôr os interessados a ajudarem também e a dizer o que precisam”, disse a responsável. “Creio que na área da fruticultura vamos ser capazes de trabalhar nesse sentido, mas ainda é trabalho em progresso”, salvaguarda a ministra que na visita a Alcobaça esteve reunida com os presidentes das Câmaras do Oeste para saber quais as necessidades do sector numa região onde tem tanto peso.
Sem querer apontar já um local para sediar este centro, Assunção Cristas diz que “o foco deve ser colocado não no sítio, mas nas pessoas, no programa, nas instituições pois o importante é encontrar respostas concretas e que sirvam todo o país”. Mas é difícil ignorar a posição privilegiada que a Estação Nacional de Fruticultura de Vieira Natividade, em Alcobaça, ocupa nesta corrida. Por isso, o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, diz que “faz todo o sentido” ter o centro instalado na estrutura que evoca o trabalho desenvolvido por Vieira Natividade na área da fruticultura.
O autarca diz ainda que da reunião com os representantes dos municípios oestinos terá saído consenso relativamente a esta escolha. “Houve uma concordância de que deveria ser aqui”, afiança. Uma posição confirmada pelo presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, que diz compreender esta opção, “dada a tradição e a experiência da Estação de Fruticultura”.
O autarca caldense aponta “a vantagem que é a proximidade de Alcobaça e Caldas da Rainha, pelo que só teremos a ganhar”. Tinta Ferreira espera “que haja hipótese de alargar a investigação às Caldas da Rainha”, onde a Direcção Regional de Agricultura conta com vários terrenos e com o Centro de Formação Profissional do Coto.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt