A necessidade de modernização da Linha do Oeste é uma bandeira transversal a todos os partidos. O assunto esteve em debate na Assembleia da República, no passado dia 20 de Setembro, com a votação de projectos de resolução apresentados pelo BE, PCP, PS e CDS-PP.
Entre todas as propostas apresentadas e aprovadas, apenas a do PS foi por unanimidade. As restantes tiveram a abstenção dos socialistas.
O projecto de resolução que mereceu a unanimidade dos deputados na Assembleia da República, recomenda ao Governo que procure encontrar as condições necessárias para efetuar a requalificação e a modernização da totalidade da linha ferroviária do Oeste, melhorando e garantindo a qualidade da oferta de serviços da CP. Defende ainda que esta linha seja uma alternativa “eficaz à utilização de veículo automóvel para a acessibilidade ao litoral Oeste e permitindo-lhe cumprir a sua vocação estruturante e estratégica para o país e a região”.
No documento do PS os deputados José Miguel Medeiros, António Sales, Odete João, João Paulo Correia e Luís Moreira Testa, (que o assinam) referem que compreendem que os limites orçamentais concentrem nesta fase o investimento no troço Lisboa – Caldas. No entanto, consideram “fundamental” que se comece já a estudar e projectar a modernização do resto da linha até ao entroncamento com a Linha do Norte, “por forma a garantir a sua inclusão numa próxima fase de programação financeira”.
O documento alerta ainda para o facto de, a manter-se assim, a Linha do Oeste continuar a não servir de “forma eficiente e adequada” a maior parte da região entre Caldas da Rainha e Leiria, em particular o eixo industrial Leiria – Marinha Grande – Caldas da Rainha e o eixo turístico S. Martinho do Porto –Nazaré – Alcobaça – Leiria.
Já o projecto de resolução do Bloco de Esquerda, aprovado com a abstenção dos socialistas, pede a revisão do Plano de Investimentos Ferroviários 2016-2020, com o objectivo de incluir o projecto de requalificação integral da Linha do Oeste nos investimentos prioritários, ainda que por duas fases. Os bloquistas referem que a requalificação integral não representa um esforço orçamental “muito relevante”.
As mesmas medidas são defendidas pelo projecto de resolução do PCP, que acrescenta a necessidade de preparação para a substituição futura do material circulante. O documento, assinado pelos deputados Bruno Dias, Paula Santos e António Filipe, refere também que é preciso reabrir as estações “com pessoal ferroviário que possa dar a devida assistência aos passageiros, garantindo melhor qualidade e segurança aos passageiros no serviço de transporte”. Falam ainda da necessidade de instalação de todas as estações e apeadeiros com um sistema de informação electrónica de horários e eventuais alterações de serviço.
Também o CDS-PP recomenda ao governo que enquanto as obras na linha não têm início, proceda à substituição do material circulante, “bastante degradado”. Defende também que proceda “com urgência” ao lançamento do concurso das obras, nomeadamente com a electrificação do troço entre Meleças e Caldas da Rainha e a implementação de sistemas de sinalização electrónica e telecomunicações ferroviárias. Pedem também que seja feita a duplicação da linha em dois troços: entre Meleças e Pedra Furada e outro na zona da Malveira.
O documento foi assinado pelos deputados Hélder Amaral, Assunção Cristas, Nuno Magalhães, Álvaro Castello-Branco, Ana Rita Bessa, António Carlos Monteiro, Cecília Meireles, Filipe Anacoreta Correia, Ilda Araújo Novo, Isabel Galriça Neto, João Rebelo, Patrícia Fonseca, Pedro Mota Soares e Vânia Dias da Silva.