A semana do Zé Povinho – 15/07/2016

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Zé Povinho é um desconfiado e matreiro, que nunca acreditou verdadeiramente que Portugal pudesse vencer o Campeonato Europeu de Futebol. Para mais, ouvia, com uma certa incredulidade, as discussões que se faziam nas televisões, nos jornais e às mesas dos cafés, sobre a qualidade da equipa, do treinador, as opções na constituição e escolha das equipas, as relações com os agentes dos jogadores, etc., e temia que a actuação da selecção em terras francesas fosse um fracasso.
Ainda por cima a primeira eliminatória foi uma absoluta desilusão, com a colecção de empates que a selecção obteve, conseguindo classificar-se para os quartos de final quase por bambúrrio da sorte.
Como muitas vezes acontece entre os portugueses, e citando o povo “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe”, as preces do treinador e engenheiro Fernando Santos e a sua promessa que só voltaria no dia 11 de Julho, se pareciam qualquer coisa de exagerado ou mesmo um sonho, afinal concretizaram-se.
Pode-se escrever hoje que afinal tudo correu pelo melhor e demonstrou-se ao mundo que Portugal chegou à última jornada da prova com mérito e ganhou.
Podem dizer esses europeus que os portugueses vivem acima das suas possibilidades, que trabalham menos que o resto da Europa, que fazem mais feriados, que aumentam o salário mínimo contra a doutrina da Europa, mas também conseguem ganhar uma prova no confronto que todo o resto europeu e especialmente com esses países que se dizem cumpridores e austeros.
Mesmo os mais indiferentes foram sensíveis aos resultados do passado domingo e também se emocionaram e comemoraram. Todos eles sofreram com a carga que foi alvo o Cristiano Ronaldo e sofreram os últimos minutos quando era para conservar o golo que lhe daria a vitória. E depois comemoraram nas ruas. Pode vir a Europa e a Comissão Europeia com todas as multas e penalizações, mas o campeonato da Europa já ninguém tira a Portugal.
Por isso, o treinador como símbolo e mentor da estratégia ganhadora merece o aplauso de Zé Povinho, até porque é pessoa simpática e que conhece bem a região, não tivesse ele vivido nas Gaeiras alguns anos e onde regressa com frequência.

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O presidente da Junta de Freguesia da Foz Arelho, Fernando Sousa, está longe da popularidade e do estado de graça que viveu quando foi eleito, um tanto inesperadamente, nas últimas eleições autárquicas. Beneficiou ainda durante algum tempo de uma boa popularidade dada a forma como resolvia os problemas da freguesia e assegurava a limpeza da praia.
Integrado num movimento cívico que se distinguia por um discurso moralizador que o colocava acima dos partidos, Fernando Sousa encarnava o despojamento pelo poder, a boa vontade de trabalhar para a sua terra e o exercício da cidadania.
Três anos depois perdeu o apoio dos correligionários da sua lista, assistiu à demissão de dois tesoureiros, zangou-se com o elemento da Junta que era o seu braço direito e anda enredado numa polémica acerca das contas que não batem certo na Junta de Freguesia.
Louve-se-lhe a atitude de reconhecer que cometeu erros e que a falta de documentos de suporte às despesas se devem à sua “falta de experiência”. Mas quem gere dinheiros públicos não pode cometer erros sistemáticos desta natureza. Já lá vai o tempo do amadorismo nas contas das freguesias, de que, no caso desta Junta, muitos fozenses ainda se recordam do célebre caso das contas das areias.
Por isso Zé Povinho lamenta a postura, no mínimo indulgente, do presidente Fernando Sousa e espera que a auditoria a realizar brevemente aos dinheiros da Junta da Foz Arelho clarifique a situação, sem margem para suspeições.