Carros e pessoas devem circular em equilíbrio

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“Nem sempre o tirar os automóveis da cidade é a melhor solução”. Palavras de Paula Teles, professora universitária e especialista em Acessibilidade e Mobilidade para Todos, referindo-se ao caso de S. João da Madeira, que depois de uma tentativa mal sucedida de fecho, tiveram que voltar a abrir algumas ruas ao trânsito, sob pena das pessoas não quererem ali viver.

A oradora, que falava nas Caldas num colóquio sobre a mobilidade na Câmara das Caldas, a 21 de Setembro, explicou que a restrição tornou as ruas mais inseguras, uma vez que ali deixava de passar o carro da polícia ou do vizinho, aumentaram os problemas de prostituição e droga e o comércio começou também a ressentir-se.
Na sua opinião é necessário haver sempre um equilíbrio e utilizar alguns “truques”, como apertar a faixa de rodagem para apenas passar um carro, eliminar o estacionamento e criar alguns locais para cargas e descargas.
“Ser exagerado no impedimento da circulação já não é hoje solução”, defendeu Paula Teles.
Também presente no colóquio, o presidente da Câmara caldense, Fernando Costa, salientou que nos últimos anos tem havido a preocupação de devolver a rua aos peões. Aproveitou ainda a oportunidade de ter na plateia duas turmas do curso técnico de energias renováveis, da ETEO, para advertir os jovens que um dos sítios mais perigosos para andar na rua é a passadeira, dado o facilitismo que muitas vezes existe.
“Cerca de 70% dos acidentes ocorrem nas passadeiras”, informou, destacando a pertinência da campanha de sensibilização que estava a decorrer, intitulada “somos peões”.
Fernando Costa deu mesmo o exemplo de Tornada, em que na primeira semana em que ali colocaram uma passadeira, morreram dois idosos.
O vereador Hugo Oliveira apresentou o projecto de regeneração urbana para a cidade. Referiu-se à intervenção como uma “regeneração urbana e de mentalidades” que, na sua opinião, tem que ser feita com o apoio dos mais novos.
Um dos objectivos finais deste projecto é que quem tem mobilidade condicionada “possa circular livremente na cidade, num caminho próprio”, acrescentando que o Dia Europeu sem Carros serve também para apresentar algumas soluções que a autarquia tem previstas para os peões.