Escola Bordalo Pinheiro recriou a inauguração do Parque D. Carlos I

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Rodrigo Berquó, Rafael Bordalo Pinheiro e José Malhoa, acompanhados por damas e nobres cavalheiros, inauguraram e participaram em diversas iniciativas que decorreram no Parque D. Carlos I, na tarde de 8 de Junho. A recriação histórica da inauguração do Parque, no final do século XIX, foi dinamizado por alunos e professores da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, que assim festejaram o final de mais um ano lectivo.

O administrador do Hospital Termal, Rodrigo Berquó, chegou de charrete ao Largo Rainha D. Leonor, onde era esperado com música e nobres convidados para inaugurar o Parque D. Carlos I. A cena, que recria o acontecimento de 1892, foi dinamizada na tarde de sábado, e para além de Rodrigo Berquó, contou com as presenças dos artistas Rafael Bordalo Pinheiro e José Malhoa, assim como do deputado da nação Francisco Machado e do vereador da vila, Ricardo Ribas.
No seu discurso de abertura, o administrador hospitalar Rodrigo Berquó (interpretado pelo presidente da Câmara, Tinta Ferreira) lembrou a dificuldade para conseguir criar o parque, lutando contra os poderes instalados, até a nível central, que previam a urbanização do local. Rodrigo Berquó falou ainda da criação do novo hospital (Pavilhões do Parque), para o qual estava previsto o rei D. Carlos vir às Caldas lançar a primeira pedra. “Será um edifício grandioso, ex-libris da vila nos séculos que se sucederão, e estou certo de que os caldenses tudo farão para o preservar, não para minha glória, mas para glória e prestígio da vila”, manifestou.
O cortejo continuou pelo parque até à Casa do Barcos, onde o ceramista Rafael Bordalo Pinheiro (interpretado pelo professor José Pereira da Silva) falou sobre a sua vinda para as Caldas, à procura de talentos, que encontrou em artistas e ceramistas locais. Republicano convicto, Bordalo Pinheiro disse que sempre defendeu que os seus operários pudessem ter formação técnica e profissional, estando na génese da Escola Industrial Rainha D. Leonor, que acabaria por dar origem à Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
Já em frente ao museu que tem o seu nome, o pintor José Malhoa – interpretado pelo aluno Rodrigo Pedras – falou sobre as suas origens nas Caldas e sobre o seu percurso artístico, dando a conhecer algumas das suas obras, através de quadros vivos, interpretados pelos alunos.
A festa de final de ano da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro contou ainda com um passeio no lago, sessão de poesia, música e teatro. Esta iniciativa vem na sequência de outras recriações históricas organizadas por aquela escola, como foi o caso do mercado medieval e da fundação do Hospital Termal no século XV. Eventos que têm acontecido de dois em dois anos, fora dos portões da escola.
“Dizermos que a escola está aberta à comunidade e as pessoas irem à escola é pouco. Acho que deve ser a escola a sair e inserir-se na comunidade”, referiu a directora do agrupamento, Maria do Céu Santos, sobre a importância da relação entre a escola e a comunidade onde se insere.
A escola contou com o apoio da Câmara e da União de Freguesias de Nossa Sra. do Pópulo, Coto e S. Gregório na realização desta iniciativa, tanto a nível logístico, como de participação dos autarcas no cortejo. Tinta Ferreira, que em anos anteriores já vestiu a pele do Cardeal Alpedrinha e de Sebastião José de Carvalho e Melo (antes de ser Marquês de Pombal), destaca o personagem deste ano, Rodrigo Berquó. O arquitecto e administrador do Hospital Termal, que viria também a ser presidente da Câmara, “deu um grande impulso às Caldas e deve ser mais reconhecido”, disse o autarca.
“Compete aos poderes públicos e sociedade civil tomar as iniciativas para valorizar esta figura e hoje a escola Bordalo Pinheiro fê-lo”, concretizou Tinta Ferreira.
A festa acabou já de noite e, de acordo com a direcção, terá continuidade pois continua a haver episódios na história caldense que valem a pena ser lembrados.