Gazeta das Caldas inicia o seu 89º ano de vida

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Nesta semana Gazeta das Caldas iniciou ou seu 89º ano de vida, num momento difícil para o país e para os portugueses, em que as dificuldades económicas e as expectativas não param de deixar-nos preocupados.
Apenas algumas vozes e números contra-indicam estas tendências, como a do Presidente da República, que partiu nestes dias para a Suécia e anunciou uma ténue retoma que acha perceptível no horizonte.
Contudo, o mercado nacional parece não ter alento, com excepção de algumas empresas que trabalham com os mercados internacionais e que parecem ver alguma luz ao fundo do túnel.
Também os últimos meses foram extremamente positivos em termos de turismo, tendo havido uma procura inusitada do nosso país, seja pela competitividade dos nossos preços, seja pela instabilidade vivida nos últimos tempos nos mercados concorrentes do nosso, como o norte de África, os países islâmicos e outros mercados mais distantes.
Infelizmente, este acréscimo de procura turística e esta dinâmica não se têm feito sentir de forma marcante nas Caldas da Rainha, dado que pouco temos para oferecer a essa procura, sendo Óbidos a única excepção relevante, mas que também não consegue segurar os turistas muito mais do que algumas horas ou poucos dias.
Também o mercado do golfe ou dos desportos náuticos tem conseguido captar uma procura crescente, que contudo não se estende de forma sustentada aos outros sectores de actividade existentes na envolvente.
Daí que os restantes sectores de actividade lutam com dificuldades inesperadas, facto que se transmite a toda a economia regional, que impede o dinamismo comercial e industrial que conhecemos nas últimas décadas.
Tudo isto se transmite aos media que lutam contra a insuficiência de receitas provenientes da publicidade, o que nos obriga, como os nossos leitores e assinantes sabem, a pedir uma partilha maior nos nossos custos.
O 89º ano da vida da Gazeta das Caldas vai ser decisivo para ultrapassar estes problemas, tal como está a acontecer com a maioria das famílias e das empresas da região, que talvez venham a beneficiar de uma alteração das políticas europeias e nacionais.
O actual governo, que tem mostrado uma insensibilidade absoluta para estes problemas, apesar da alteração da sua composição do mês de Julho, pagou no passado domingo duramente esta situação. Ma só o primeiro-ministro parece não ter percebido o sinal e na noite eleitoral voltou a afirmar que, apesar dos resultados, mais sacrifícios eram inevitáveis.
O país e a nossa região têm recursos enormes, que estão inexplorados ou mal rentabilizados, que podiam gerar oportunidades imensas, que criariam emprego, rendimentos e mais transacções.
Mas por cegueira ideológica, incompetência técnica ou inércia burocrática, parece que apenas sabem cortar, parar e penalizar, tudo e  todos.  Não há uma voz com peso político e eficácia no seio da coligação que lance um apelo para fazermos mais, melhor e muitas vezes diferente, de forma a melhorar o nível de vida e a felicidade dos nossos concidadãos.
Nas Caldas da Rainha temos um exemplo gritante que são as termas, que podiam criar imenso emprego e gerar fluxos de recursos enormes, mas que por incompetência, desleixo, desorganização, falta de visão estratégica, têm morrido aos poucos, perdendo-se um recurso endógeno que não tem par.
A culpa de tudo isto não pode ser assacada à troika, aos estrangeiros ou à concorrência internacional.
A Gazeta das Caldas, que sempre se bateu desde a sua criação por este recurso fundador da cidade, também sofre porque a anemia económica do concelho e da região se reflectem nas nossas actividades.
Há um século a cidade tinha o parque industrial das Faianças Bordalo Pinheiro junto à Quinta da Boneca mais interessante e atractivo que se podia imaginar, que poderia ser hoje um verdadeiro parque de atracções, tal como hoje existem em muitos países. Incúria, desinteresse, falta de meios, deixaram tudo a perder e ficam-nos as imagens da época. Ainda temos mais coisas como a Praça da Fruta, o parque, a mata, a lagoa, etc., etc., mas pouco se vê de sustentável para promover esses bens inestimáveis.
Daí que seja importante tocar a reunir e a mobilizar tudo e todos, agora que vão passadas as eleições, para salvarmos e darmos nova vida ao concelho e à região.