Bolseiro que investiga como tornar os carros mais leves continua nos karts

Caldense quer chegar à Fórmula 1. Foi piloto, desenhou e criou os protótipos da Formula Student onde chegou a diretor técnico. Agora trabalha na área da sustentabilidade ligada ao setor automóvel

Aos 6 anos, Miguel Lino já corria nos karts. Aos 8 já o fazia profissionalmente, apesar da tenra idade. O pai é torneiro mecânico e, por isso, sempre esteve em contacto “com a parte mecânica das coisas”, explicou à Gazeta o caldense, que, nos bancos da escola, tinha na Matemática e na Física as suas disciplinas favoritas. Hoje em dia, destaca-se na investigação de veículos elétricos.
Quando era pequeno, adorava também desenhar carros, além de gostar de os conduzir. Cedo soube que queria ser engenheiro mecânico e, por isso, está a formar-se no Técnico. Logo no 2º ano fez parte do núcleo da Formula Student, objetivo que queria alcançar já desde o secundário. E isto porque é na Formula Student que as universidades de engenharia têm de montar uma equipa que projeta, constrói e compete com um carro elétrico com equipas de vários países, em vários circuitos de Fórmula 1.
“É uma competição que visa habituar os alunos a produzir produtos de engenharia e a estar mais perto da vida real”, disse o jovem, de 24 anos, que, em 2018, trabalhou nas várias fases da criação do carro-protótipo. Naquela época, pertencia à área de chassi e era responsável também pela parte de ergonomia do piloto.
De resto, o caldense, por causa da sua experiência nos karts, foi piloto da equipa e responsável pela condução nas provas de autocross e de endurance, as mais duras das quatro provas a que os protótipos são sujeitos.
No segundo ano, em 2019, o caldense foi promovido a diretor técnico da equipa e foi nesse ano que os engenheiros do Técnico se classificaram em 9º lugar na competição na Alemanha, uma das mais exigentes.
Ficar no top ten desta competição, entre mais de 90 equipas, é um enorme feito. “O protótipo que fizémos para essa competição foi posteriormente transformado em primeiro carro português autónomo”, contou Miguel Lino.
As competições acontecem por todo o mundo e, além de já ter viajado por vários países da Europa, já esteve com um grupo de amigos caldense numa competição sobre inovação na China, a competir também com uma ideia ligada ao ramo automóvel.
A convite de um docente, Miguel Lino é bolseiro investigador de um projeto do Portugal 2020 que envolve várias universidades. Além do Técnico, a iniciativa está também ligada a Universidade Évora. Trabalha na produção de componentes em compósitos para a indústria automóvel, isto é, em jantes de fibra de carbono.
“Este material é mais leve e poderá contribuir para um menor peso do veículo”, explicou o caldense, acrescentando que é algo que se aplicado a um carro elétrico poderá ser importante num futuro próximo “para que um carro elétrico possa substituir um carro a combustão”.
Miguel Lino vê o futuro profissional ligado à indústria automóvel e diz que a “Fórmula 1 é o Santo Graal da competição”. Conta que gostaria de trabalhar na área da competição no que mais gosta de fazer, nos projetos mecânicos mas tanto trabalharia na Formula 1, Formula E, como nos carros Les Mans. Mas, para matar saudades do volante, quando vem ao Oeste continua a deslocar-se, acompanhado pelo pai, ao kartódromo do Bombarral. ■

Gostava de trabalhar na Fórmula 1 sobretudo ligado aos projetos mecânicos”
Miguel Lino

Miguel Lino no protótipo de 2019, o FST09, durante a competição Formula Student na Alemanha
Caldenses na competição em Pequim (Tsinghua Santander World Challenges). Ricardo Araújo, Henrique Amaral, Miguel Lino e André Cavalheiro