Novos médicos internos são recebidos no CHO em ambiente de indefinição

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O bastonário deu as boas vindas aos novos médicos internos que ficaram colocados no CHO | Isaque Vicente
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Os concursos para entrada de novos médicos para o SNS têm gerado polémica e feito correr muita tinta nos jornais. Nas Caldas, na recepção aos 76 novos médicos internos da região, que decorreu na noite de 27 de Fevereiro, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, pediu que o Governo cumpra a lei e abra os concursos. O bastonário disse em entrevista à Gazeta das Caldas que “a saúde no Oeste não está bem”.

 

“Querem concursos nacionais como os actuais ou concursos em que cada centro hospitalar contrata os seus médicos”?, questionou Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos na recepção aos 76 novos médicos internos da região, que decorreu na noite de 27 de Fevereiro na delegação oestina daquela instituição.
Uma questão à qual António Curado, da administração do CHO, respondeu com uma pergunta: havendo centros hospitalares com maior capacidade financeira do que outros, não se corre o risco de haver hospitais de segunda e hospitais de primeira?
O bastonário insistiu que “ou o concurso é para todos ou então cada instituição contrata os seus médicos pois não podemos é ter dois sistemas em paralelo que criam desigualdade entre médicos e entre hospitais”.
Miguel Guimarães acusou o Governo de estar “um bocado paralisado no que diz respeito à saúde” e de não pensar global para descentralizar e dar vida às zonas periféricas. Disse que o Governo não devia dedicar apenas 5,2% do PIB à Saúde, mas sim 6,5% “como na média dos países da OCDE” e fez notar que a crise afectou o “bom” SNS que Portugal tinha.
O bastonário salientou que este foi o sector mais afectado pela crise e pela troika. “Os governos têm noção e sabem que, para a saúde, as pessoas têm sempre um pezinho de meia e sabem que as pessoas recorrem à medicina privada, que é o que está a acontecer com cada vez mais portugueses”, afirmou, acrescentando que “isto cria desigualdades sociais brutais” entre os que têm capacidade financeira e os que não têm e são obrigados a ficar à espera. Acresce que “aqui nas Caldas sabemos que a lista de espera para primeiras consultas e cirurgias é muito elevada”.
A educação foi outro dos temas em debate. Isto porque segundo o bastonário, as escolas portuguesas formam quase o dobro dos médicos que são necessários. “Temos escolas a mais, devíamos ter cinco escolas e formar no máximo 1200 médicos por ano”, definiu, notando que “não faz sentido investir em formar médicos para irem para fora do país suprimir as faltas europeias”, que estimou em 230 mil.
“Não faz sentido proletarizar cada vez mais a profissão”, alertou Miguel Guimarães, deixando novo recado ao Governo que não baixa os numerus clausus porque “não tem coragem para as críticas”.
Outro dado curioso que foi partilhado, é que, apesar de tudo isto, já foram dados pareceres negativos para a criação de seis novas escolas médicas e há novos pedidos a aparecer.
A necessidade de instituir cadeiras de Comunicação e de Ética e Deontologia no curso de Medicina foi outro tema da sessão, onde o bastonário definiu a questão da ciência versus não ciência na medicina como “um dos grandes debates do nosso tempo”.
Mariana Magalhães, em representação do grupo de internos que tem feito formação no CHO, apresentou uma carta de boas-vindas aos que chegaram agora na qual falava “dos dias em que uma carreira no McDonalds parecia um sonho de infância”, mas também “dos dias em que saem do hospital tarde e a más horas, com um sorriso parvo a pensar que o Dr. House ao vosso lado é um menino”.
No fim, passou um vídeo feito pelos internos deste ano que dava conselhos aos que agora chegam. Visitar vários locais desta região e não se enervarem quando determinada máquina do hospital não funciona, foram algumas das dicas.
Cristina Teotónio, vice-presidente da delegação do Oeste da ordem, mostrou a sua “apreensão e preocupação pelo futuro dos cuidados de saúde no Oeste, nomeadamente em termos de cuidados hospitalares” e notou que “permanece alguma indefinição em relação ao futuro”.
Frisou que as “carências de infraestruturas e de contratação de recursos têm motivado instabilidade” e falou das constantes fusões que provocam o sentimento aos profissionais de saúde e aos utentes de que se vive “sempre numa fase de adaptação”.
Este ano entram para o CHO 60 internos do ano comum (tantos como no ano passado) e dez para formação específica. Além disso, chegam seis internos para Medicina Geral e Familiar no ACES Oeste Norte.

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