Os castigos às crianças devem ser pontuais e os elogios constantes

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Castigos e Elogios - Gazeta das Caldas
“Um comportamento que não tenha a atenção esperada tem tendência a dissipar-se”, - Natacha Narciso

As crianças devem ser pontualmente castigadas e elogiadas de forma frequente. Foi o que defendeu a psicóloga clínica, Marta Martins, que esteve em Barrantes (Salir de Matos), a 9 de Junho numa conferência promovida pela Creche Familiar, que se encontra instalada numa antiga escola primária, onde se promove a aprendizagem ao ar livre e o contacto com a terra e com os animais.

O que fazer quando os nossos filhos fazem birras? “Ao início devemos ignorar”, disse a psicóloga clinica Marta Martins, convidada a partilhar com pais e educadores o que se deve fazer perante tais atitudes. “Um comportamento que não tenha a atenção esperada tem tendência a dissipar-se”, informou a especialista, acrescentando que os pais devem, numa primeira fase, “tentar agir com naturalidade como se não estivesse a acontecer”. Marta Martins acha que se esses comportamentos não forem ignorados, tendem a tomar dimensões que não são as desejadas. E aí, o que há a fazer é explicar que a criança vai ter um castigo e o porquê.
A psicóloga defendeu também que os castigos “têm que ser pontuais e determinados no tempo”, caso contrário deixam de ter eficácia. E se por um lado estes têm que ser pontuais, os elogios “devem ser constantes” sempre que se justiquem.
A psicóloga defendeu que há “batalhas inglórias que os pais travam com os filhos e que não valem a pena”. Até porque as crianças “esticam-se como os elásticos para testar os pais”, afirmou. A oradora também defendeu que os pais não devem ser super-protectores, que é preciso que deixem os filhos cair e que estes aprendam a levantar-se. E deixou o conselho: “não queiram ser amigos dos vossos filhos”. É, sim, preciso que os pais estejam disponíveis para os ouvir e lhe impor limites, sempre que necessário.

APRENDER PELO EXEMPLO

A psicóloga recordou que crianças que assistem a agressividade em casa têm tendência a reproduzir os comportamentos violentos. Referiu também que sempre que os pais não agirem de forma correcta, “devem pedir desculpa aos seus filhos, reconhecendo as falhas”.
Os pais devem ainda ter tempo para brincar e aprender com os filhos, mas o excesso de novas tecnologias faz com que os mais novos não saibam divertir-se e brincar com jogos simples, como puzzles.
A plateia, de cerca de 30 pessoas (pais, professores e educadores), questionou a psicóloga sobre outros temas, desde as brigas entre irmãos, o nascimento de um novo filho, as queixinhas, o arrumar o quarto, a web, os trabalhos de casa, os pais separados e as madrastas e padrastos.
Já no final, Marta Martins sublinhou que as crianças “adquirem quase tudo pelo exemplo”, logo aos pais pede-se que tenham muita atenção ao que dizem e ao que fazem. Além da prática de Psicologia Clínica, Marta Martins foi coordenadora da unidade de Psicologia nas Clínicas de Leite e é presença habitual na televisão e na imprensa.

Barrantes tem uma creche na antiga escola primária

Ana Sábio é educadora de infância e é também a responsável pela Creche Familiar. É de Torres Vedras e veio morar para Salir de Matos após ter casado.
Antes de abrir a sua creche, trabalhou em vários locais e deu formação a auxiliares educativas.
Há um ano surgiu a oportunidade de arrendar a antiga escola primária de Barrantes e dar início à sua Creche Familiar, um projecto à sua medida que lembrasse “um sótão da casa dos avós”, disse a educadora à Gazeta das Caldas. Tem apenas sete crianças com idades até aos três anos e já estão inscritas mais algumas que vão integrar o próximo ano lectivo. Usa os métodos de Waldorf e Montessori, que valorizam o desenvolvimento sensorial das crianças nos primeiros anos e dão ênfase à autonomia e à liberdade da criança.
As crianças aprendem as tarefas e têm ligação à terra e aos animais. No espaço exterior da creche há patos, galinhas e um cavalo e as crianças convivem saudavelmente com eles. O espaço tem uma carpintaria e reúnem-se em grupo sempre que algo se estraga e é preciso arranjar. Além de Ana Sábio, há uma segunda educadora, Serenela Ramalho, que também trabalha nesta creche. O projecto “está a superar as expectativas”, diz Ana Sábio que, com o marido, está a pensar em estender e replicar o conceito noutras localidades. Também gostaria de criar uma outra creche num pré-fabricado em madeira, numa quinta “com mais animais do que os que eu tenho aqui”, informou a educadora que vai desenvolver actividades de Verão no seu espaço.

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Uma assistência atenta ouviu a psicóloga e colocou-lhe diversas questões – Natacha Narciso