República celebrada também com castanhas

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Evento
Dezassete alunos do curso de Técnico de Turismo estiveram envolvidos neste evento no qual participaram cerca de 80 pessoas

O centenário da implantação da República em Portugal foi o tema da Festa do Magusto que o curso de Turismo da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, organizou pela segunda vez nas Caldas da Rainha.
Depois de no ano passado o evento “Castanhas ao Luar” ter tido lugar no Céu de Vidro do Parque D. Carlos I, em 2010 a Castanhada Republicana realizou-se no café concerto do CCC.

“Quisemos associar-nos ao centenário da República e por isso convidámos a associação Património Histórico a fazer uma apresentação alusiva ao tema”, explicou António Xavier, coordenador do curso.
Como não encontraram nenhuma ligação concreta entre a República e o Magusto, optaram por falar sobre as alterações que o novo regime trouxe aos eventos festivos.
Isabel Xavier, presidente do PH, contou que a revolução do dia 5 de Outubro de 1910, para além da estrita mudança de regime político, “envolveu um projecto de laicização da sociedade, uma nova forma de perspectivar o mundo e o papel que o homem nele desempenhava, enquanto cidadão livre da influência monárquica e clerical”.
A partir deste período, o espaço público, considerado espaço natural de expressão da cidadania, “passou a lugar de afirmação da República e respectivos valores, quer através da inscrição de novos topónimos, quer da realização de grandes cerimónias cívicas”.
Surgiram então novos feriados, logo em 1910, como é o caso do Dia da Bandeira, a 1de Dezembro, que era uma celebração que dava lugar à realização de cortejos de homenagem ao novo símbolo da nacionalidade.
Ao mesmo tempo, as festas religiosas passaram a circunscrever-se ao interior das igrejas, impedidas de se realizarem em lugares públicos.
O Natal passou a ser designado Dia da Família e o Primeiro de Maio, dia do trabalhador, que era um dos feriados mais festejados. Comemorava-se ainda o Dia da Árvore, o dia 31 de Janeiro (tentativa falhada de instauração da República) e o dia 5 de Outubro.
“Mesmo o feriado de 10 de Junho, dia da raça, foi criado ainda no período da I República, embora já em 1925”, acrescentou a professora.
O culto cívico, que devia substituir o culto religioso, assumia assim um papel decisivo na construção de uma identidade republicana, considerada indispensável “ao pleno triunfo do republicanismo em Portugal”.

Ementa do restaurante Pachá

A Castanhada República contou com a colaboração do restaurante Pachá que preparou uma ementa composta por tapas de castanhas, creme de castanhas, lasanha de castanhas e marron glacé com chocolate quente.
O enólogo Nuno Galvão apresentou os vinhos Adega Cooperativa da Vermelha e o acordeonista Rogério Almeida contribuiu com sua música, numa festa que contou com 80 pessoas.
Dezassete alunos do curso de técnico de turismo (do 10º ao 12º ano) estiveram envolvidos em todas as operações deste evento, desde a sua preparação ao serviço durante o jantar, passando pela divulgação e por um inquérito de satisfação.
“Nestas actividades que realizamos eles ganham muito ‘know-how’. Já há colectividades que nos pedem ajuda quando têm jantares de gala ou outros eventos do género”, referiu António Xavier.
O curso tem tido muita procura e este ano lectivo houve mais inscrições do que as 23 vagas disponíveis. No total dos três anos estão a frequentar o curso 68 alunos. Dos primeiros finalistas, sete jovens foram para o ensino superior e sete estão a trabalhar na área. “O melhor aluno dos cursos profissionais da escola era do curso de Turismo”, salientou António Xavier.