Azulejaria da Igreja do Pópulo inspirou Atelier Sá Nogueira

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Gazeta das Caldas
José e Amélia Sá Nogueira mostrando a segunda peça, intitulada Patrimonium, junto ao frontal da Igreja do Pópulo | Natacha Narciso

A proposta de José e Amélia Sá Nogueira para a segunda colecção de cerâmica da Gazeta das Caldas está directamente relacionada com o património termal local.
O casal de ceramistas inspirou-se nos azulejos do século XVI dos frontais dos altares da Igreja do Pópulo e convidou o historiador Nicolau Borges a escrever um texto, que consta na parte de trás do azulejo (ver caixa), sobre aquele monumento que aquele investigador tão bem conhece pois estudou-o no seu mestrado.

Patrimonium é como se intitula a proposta dos autores José e Amélia para a colecção de cerâmica sobre as termas, promovida pela Gazeta das Caldas. Foi nos azulejos dos frontais dos altares da Igreja do Pópulo, que datam do século XVI, que os dois artistas se inspiraram para esta criação.
Gazeta das Caldas foi ter com os autores ao local que os inspirou e onde estes explicaram como reproduziram com rigor os motivos geométricos hispano-mouriscos.
Os ceramistas uniram quatro azulejos originais, tendo assim criado um novo exemplar de inspiração quinhentista que agora chega ao século XXI e à colecção deste semanário com a assinatura dos Sá Nogueira.
Para participar neste projecto da Gazeta das Caldas, os ceramistas convidaram o historiador Nicolau Borges, conhecedor da Igreja do Pópulo, dado que foi o tema do seu mestrado. O investigador fez a contextualização histórica da nova obra que se inspirou no mais antigo conjunto azulejar que existe no concelho caldense.
Nicolau Borges contou que provavelmente os originais que constam na Igreja do Pópulo terão sido importados de Sevilha e chamou a atenção para o facto de, em redor do Pópulo, numa área de 30 metros à volta das termas das Caldas, “termos à nossa disposição a História da Azulejaria em Portugal, com motivos vivos, e à vista de todos, de todas as épocas e todas as correntes estéticas”.
Além dos painéis cerâmicos dos altares, há outros tipo padrão que revestem as paredes laterais. No Museu de Cerâmica há exemplares holandeses enquanto que a Capela de S. Sebastião oferece narrativas barrocas azulejares, além da grande variedade dos sécs. XIX e XX existentes no interior do Hospital Termal. Nicolau Borges também referiu os azulejos da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro e de seu filho Manuel Gustavo Pinheiro, bem como os de Mestre Ferreira da Silva, presentes no Jardim de Água. “Uma História com fios condutores que nos apresentam a melhor arte azulejar que podemos encontrar em Portugal”, afirmou o historiador
É também de sua autoria o texto que se apresenta, atrás do próprio azulejo e que segundo o seu autor pretende ser um ponto de partida para uma leitura completa dos azulejos em referência, não sendo um poema, ou um qualquer exercício de estilo de escrita criativa.
Patrimonium, do Atelier Sá Nogueira, é a segunda peça da segunda colecção de cerâmica, lançada pela Gazeta das Caldas, sob a temática das Termas das Caldas. Custa 30 euros para os assinantes do jornal e 35 euros para o público em geral.

Patrimonium

“Epifanias
Águas sulfurosas
Geradoras de obras mestras de acções mecenáticas
Uma alma que é uma igreja
Do Pópulo
Um corpo que frutifica saúde e bem estar
Hospital Termal
Um Espírito que permanece
Glorioso e redentor
Um Lugar que irradia mil encantos
Das fontes, das árvores, das sombras, das águas”.

Nicolau Borges