A evolução das manifestações em Portugal está exposta na Fortaleza de Peniche. À ‘boleia’ do investigador Luís Farinha, no passado dia 18 percorremos a exposição que se divide por três zonas: Primeira República, Estado Novo e actualidade.
A informação está exposta em formas humanas com cravos na mão ou levantando cartazes. Mostram imagens de manifestações e explicam textualmente os motivos.
Nas paredes há faixas escritas a vermelho, com protestos alusivos a diferentes manifestações: “Temos fome”; “Nem mais um soldado para a guerra colonial”; “Viva a república”; “Abaixo a ditadura militar”; “O povo unido jamais será vencido”, são alguns exemplos.

Contra a aliança entre o Estado e Igreja, contra o regime ou contra a guerra colonial, houve diversos motivos de manifestações no nosso país. A mostra permite recordá-los e ver como foi a evolução da contestação pública e a sua repressão.
A visita terminou em frente a uma fotografia aérea da última grande manifestação no país, há quatro anos, contra a Troika.
“A memória é algo que nos atraiçoa facilmente”, diz Luís Farinha. Por isso, esta mostra, além de ajudar a educar as crianças, permite pensar novamente acerca dos motivos das manifestações. “Vale a pena repensar os ideais dos sonhos deles” e “interessa ver o que tiveram como sonho e não conseguiram concretizar”, afirmou.
O investigador chamou a atenção para o facto de Portugal ser “dos poucos países do mundo onde não é preciso pedir para manifestar, basta avisar previamente”.
Da autoria de Paula Borges Santos, Francisco Bairrão Ruivo, Fernando Rosas e Alfredo Caldeira, a mostra, que foi inaugurada a 18 de Outubro, fica patente até 28 de Maio do próximo ano e a entrada é gratuita.

PRESERVAR A MEMÓRIA DA FORTALEZA

Antes de entrarmos para a sala que alberga a exposição, houve uma abertura solene. António José Correia, presidente da autarquia local, fez notar que esta é uma iniciativa que marca o primeiro passo do caminho de colaboração encetado pelas autarquias de Peniche e de Lisboa  a 25 de Abril. Através de dois museus – o núcleo de resistência do Forte de Peniche e o Museu do Aljube – os municípios querem preservar as memórias associadas a estas duas ex-prisões.
Salientando que a mostra nada tem a ver com as recentes polémicas relativas à concessão de um espaço da Fortaleza de Peniche para hotel, António José Correia, ao som de um megafone (a fazer lembrar as manifestações), disse que a exposição vem “reforçar o espírito de compromisso da autarquia, mas mais do que isso, da comunidade, em tudo fazer para que a memória seja preservada”.
E como Catarina Vaz Pinto esteve em representação de Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa,  o edil aproveitou para desafiar os técnicos do município e das associações a elaborar o “Cabaz dos Pescadores” com produtos típicos, para ser entregue ao marido desta, o recém-empossado Secretário-Geral da ONU, António Guterres.