Duzentas pessoas assistiram no domingo, 9 de Julho, no CCC, à apresentação de “Insanus”, a colectânea de contos do autor caldense Carlos Querido. O livro foi apresentado por António Mega Ferreira e contou com um momento musical prévio no qual o pianista Daniel Bernardes impressionou o público com uma composição inspirada nos contos “Insanus”.
Nas Caldas, a literatura tem direito ao palco maior. “Insanus” foi dado a conhecer no grande auditório do CCC e a sessão foi antecedida por uma outra expressão artística: a música. A improvisação do pianista Daniel Bernardes impressionou o público. As melodias, inspiradas nos próprios contos, tocaram os presentes que aplaudiram fortemente a actuação, após uma audição atenta feita em silêncio absoluto.
Entre o músico, o editor e os responsáveis do CCC, surgiu logo a ideia de gravar este prelúdio que vai acompanhar “Insanus”, numa edição especial que se espera poder estar pronta para o próximo Natal.
Seguiu-se a apresentação da obra por António Mega Ferreira, que levantou um pouco um véu sobre os microcontos criados por Carlos Querido. Nestes “há uma sombra que acaba a comandar a figura que a projeta, e dela foge, deixando o ser na mais absoluta solidão”, disse. Uma das personagens é um o cardíaco “que assume a personalidade e a vida anterior do portador do coração para si transplantado”. Noutro conto, existe um neto “que reivindica a partilha da memória heróica do avô e que com ele mergulha, em flash-back, nas trincheiras da batalha de La Lys”, ao passo que noutra micronarrativa, há um homem que não se conforma com o passado que a amada viveu sem ele, “e que lhe destrói pelo fogo as recordações, para que delas apenas lhe reste um baú vazio”.
Segundo o orador, todos são figuras “desta espécie de livro de seres imaginários, todos eles possíveis, todos eles reais, quanto mais não seja porque as palavras os designam e tornam sensíveis na nossa imaginação”.
Mega Ferreira considera que estes seres virtuais de Carlos Querido se tornam “por virtude das palavras, reais dentro da nossa cabeça”. Acha até “que somos capazes de os compreender, alguma simpatia nos aproxima deles, como se fossem apenas sombras de nós mesmos”.
O convidado foi mais longe afirmando que “temos uma perturbante intimidade, ali mesmo ao pé dos limites da nossa sanidade: mais um passo e poderíamos ser como eles”.
Após ter lido um dos contos do livro, que tem uma relação directa com o Festival Medieval de Óbidos, Mega Ferreira concluiu que os leitores que conhecem os anteriores títulos de Carlos Querido (a biografia ficcionada de D. João II ou o relato das vindas de D. João V às Caldas) reencontrarão em “Insanus” “a verve, a ironia, a jubilação de escrita que carateriza a criação do autor”.
O gestor cultural acha que esta foi uma “estreia brilhante” de Carlos Querido pelos caminhos da ficção, dado que o livro “está perfeitamente calibrado” e as suas narrativas “são marcadas por ironia, humor e um certo absurdo”.
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“Insanus” inicia nova colecção
João Paulo Cotrim, editor da Abysmo, disse que é um prazer começar uma nova colecção com os contos de Carlos Querido. E adiantou que será feita uma edição especial com a música de Daniel Bernardes que será gravada no CCC.
Para o editor, os contos são como peças de relojoaria pois têm a ver “com o tempo e uma atenção a personagens que estão um pouco afastadas da nossa literatura”. Carlos Querido trabalha na cidade, mas as suas raízes são camponesas. Desta forma a sua escrita “traz alguma ruralidade a este género literário, algo que é pouco comum”, diz João Paulo Cotrim.
O editor referiu também que Carlos Querido dá grande atenção e tem um grande carinho pelas suas personagens. “Creio que o facto de ele ser juiz lhe permite ter um olhar muito humano”, disse.
É por isso que João Paulo Cotrim está convencido que “Insanus” “é um dos livros mais interessantes publicado este ano”, apesar de achar que “nenhum jornal o dirá”.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, congratulou-se com o facto de Carlos Querido ter escolhido as Caldas para fazer a apresentação do seu livro de estreia na ficção.
Por fim, o autor do livro afirmou que estava “impressionado, sensibilizado e muito comovido” com esta sessão de apresentação. Primeiro porque vieram amigos de toda a parte do país para assistir a este lançamento. E depois porque se deixou tocar pela música do pianista de jazz, Daniel Bernardes, assim como pelas palavras de Mega Ferreira, que na sua opinião, tão bem sintetizaram o seu “Insanus”. Após o lançamento, a obra terá novas sessões de apresentação.
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