
A pintora Romarina Passos, mentora e dinamizadora do projecto Pensar Colorido, faleceu na madrugada 10 de Julho, vítima de doença cardíaca.
Natural de Uruguaiana (Rio Grande do Sul), onde nasceu a 10 de Maio de 1945, Romarina Passos desempenhou cargos públicos, como assessora do Governo Estadual do Rio Grande do Sul na área educativa e artística, e dedicou toda a sua vida à pintura (na senda do surrealismo) e ao ensino. Licenciou-se em psico-pedagogia e patenteou um método de ensino designado Pensar Colorido, projecto que começou a desenvolver no Brasil e que depois continuou em Óbidos, durante mais de duas décadas e que envolveu milhares de crianças e jovens.
Desenvolveu diversos projectos de promoção das artes no Brasil e Argentina, mas foi na Europa, em Paris, onde se instalou em 1980, que maior expressão internacional alcançou. Envolveu-se intensamente com o movimento Figuration Critique Française e tornou-se um dos seus membros mais activos, coordenando mundialmente o grupo e tendo exposto por diversas vezes no Grand Palais de Paris.
Em 1990 decide fixar-se em Portugal onde continua o seu atelier e torna-se ilustradora do Instituto Piaget, de Lisboa. Em 1995 pinta várias aguarelas para imortalizar Óbidos e é convidada a pintar linhos com a Coroa Portuguesa para o projecto “Óbidos de vez em quando” – a renda, o bordado e o azulejo na tradição portuguesa. Veio depois residir para as Caldas da Rainha e passou a trabalhar em Óbidos, onde dinamizou o projecto Pensar Colorido com os jardins de infância e escolas do concellho, bem como ateliers no Museu Municipal.
Realizou mais de 20 exposições individuais e cerca de 30 participações em exposições colectivas em alguns países da Europa e da América.
Romarina Passos recebeu diversos galardões, entre eles a medalha de mérito municipal de Óbidos em 2011.
O historiador Sérgio Gorjão, caracteriza Romarina Passos como uma mulher cheia de génio, com uma generosidade imensa, livre, que ajudou largas centenas de crianças, senão mesmo milhares, a desenvolverem uma capacidade inata. “Uma pessoa densa e profunda, vasta como um oceano!”, diz sobre a artista que se definia a si mesma como “surrealista” discípula espiritual de Dali e dos grandes mestres do passado”.