Peça fálica de Umbelina Barros volta a dar polémica

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Depois de ter causado grande polémica em 2011 em Aveiro, a peça fálica de Umbelina Barros (com 2,47 metros) voltou a ser retirada de uma exposição pública, desta vez da Casa da Guia, em Cascais. A obra faz parte de “Humanidade”, uma exposição que vai ficar patente até ao final do ano, só que sem a Garrafa das Caldas que voltou a causar polémica.  A peça foi desmontada no  passado dia 1 de Dezembro.

Depois de ter estado exposta em Aveiro e nos Silos nas Caldas da Rainha, tinha chegado a vez de Umbelina Barros apresentar a sua peça falica gigante em Cascais. A artista respondera positivamente ao desafio da Eurostand (uma empresa de montagem de exposições) para apresentar pela terceira vez esta peça que faz parte da sua instalação “A Garrafa, os Percebes e a Imagem”.
“Logo na inauguração, a vereadora da Cultura e alguns visitantes e comerciantes, que têm os seus negócios na Casa da Guia, demonstraram desagrado com a peça”, disse a autora à Gazeta das Caldas, revelando que na abertura da mostra também houve reacções positivas pois “muitas pessoas gostaram da obra e deram-me os parabéns”.
Umbelina Barros contou que a obra ficou exposta num local que no futuro será um restaurante e que aguardava há três anos por licença camarária, que subitamente foi concedida. Uma coincidência estranha, alerta a autora, que ficou assim sem espaço para albergar a sua obra.
O falo gigante teve assim ordem de despejo, não por uma assumida contestação da população ou da vereadora da Câmara de Cascais, mas sim pelo pretexto de estar exposto num local que iria entrar em obras.
“É incrível que isto aconteça 38 anos depois do 25 de Abril. A peça não é ofensiva, não estou a cometer nenhum delito”, afirmou a artista à Gazeta das Caldas, acrescentando que continua a polémica com esta sua obra. Custa-lhe entender que a peça continue a suscitar estas reacções quando “em S. Gonçalo de Amarante e nas Caldas se fazem bolos com formas fálicas que não chocam ninguém”.
Noutros países, as peças fálicas fazem parte de celebrações relacionadas com a fertilidade e com a virilidade – como no México ou no Japão – e neste último país “até se associam a dinheiro”, disse Umbelina Barros. Em Portugal e, mais especificamente nas Caldas, o falo “continuará debaixo da banca, como sempre esteve na Praça da Fruta”.
Como a realização de “Humanidade” foi em consequência de um convite da empresa Eurostand, a autora explicou que o responsável da firma, Álvaro Silva, está à procurar outro espaço para expor a Garrafa das Caldas.

Uma peça fálica para a rotunda das Águas Santas?

Depois da polémica em Aveiro, Umbelina Barros comunicou à Câmara das Caldas que gostaria de colocar a sua peça na rotunda das Águas Santas, que fica próximo da sua oficina e numa das principiais entradas da cidade (pela A8). Perguntou se o município estaria interessado, propondo que lhe fosse pago o investimento feito nos materiais que deram origem à obra fálica. “Até agora não recebi qualquer resposta”, disse a autora.
A Eurostand celebrou um protocolo com a Casa da Guia em Cascais para a realização de exposições neste espaço, tanto no interior do palacete, como nos jardins, “dando oportunidade a novos artistas de mostrar o seu trabalho”, disse Álvaro Silva, responsável daquela empresa que desafiou Umbelina Barros para se apresentar pela primeira vez naquele espaço em Cascais.
A empresa tomou conhecimento da obra da caldense por causa da polémica que a peça gerou e foi retirada de Aveiro, aquando da realização da Bienal de Cerâmica naquela cidade. “Desafiámos agora a ceramista a colocar a obra em exposição na Casa da Guia, um espaço central da Costa do Sol amplamente visitado”, disse o responsável. Já quando a mostra foi inaugurada, Álvaro Silva comentou à Gazeta das Caldas que a Garrafa já tinha suscitado “alguns comentários jocosos”, mas que a exposição da Umbelina Barros na Casa da Guia não se centra exclusivamente nesta peça.
As peças que integram a exposição-venda custam entre os 400 e os 33 mil euros.
A autora dedica-se à cerâmica há vários anos e é licenciada e mestre pela ESAD. Neste momento está a tirar doutoramento em Educação Artística, na Faculdade de Belas Artes do Porto.
A Casa da Guia fica na Av. Nossa Senhora do Cabo nº 101 em Cascais e a exposição pode ser apreciada até 31 de Dezembro.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt