
A Galeria Ratton e dois museus lisboetas uniram-se numa exposição onde há peças feitas nas Caldas
Abriu na passada sexta-feira, 14 de março, no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, a mostra “Pomar e Bordallo – Assemblages” cujo núcleo principal são peças de cerâmica, feitas nas Caldas, na Fábrica Bordalo Pinheiro.
Com o objetivo de assinalar o centenário da morte de Bordalo Pinheiro, em 2005, Ana Maria Viegas, da Galeria Ratton, convidou Júlio Pomar (1926-2018)a deslocar-se à Fábrica Bordallo Pinheiro para criar um conjunto de peças cerâmicas únicas, feitas com base nos moldes originais de Bordalo. “Viémos às Caldas quando o eng. Jorge Serrano estava à frente da fábrica, que recebeu muito bem o projeto”, disse a responsável da galeria que acompanhou o artista nesta vinda às Caldas, no verão de 2005, numa estadia de três dias de trabalho na fábrica caldense.
Na estada na unidade industrial caldense, Júlio Pomar escolheu peças originais de Bordalo Pinheiro e deu-lhes novas configurações.
As peças que o artista escolheu, e que agora são expostas no Museu Bordalo Pinheiro, representam animais e plantas de forma naturalista: gatos, touros, galinhas, porcos, caranguejos, peixes ou folhas de couve. Segundo o diretor do Museu Bordalo Pinheiro, João Alpuim Botelho, Pomar fez um trabalho de assemblage com as peças de Bordalo e “com muito humor, sugere novas configurações”. E isto porque Júlio Pomar, ao touro chamou José, a galinha Judite, a porca é Suzy, o gato Ezequiel e a coruja, Joana. Estes têm decorações originais e diferenciadas, propondo tenazes de lavagante em vez cornos de touro serpentes que substituem partes de uma lagosta. “Júlio Pomar tratou Bordallo por tu neste projeto”, disse o diretor, acrescentando que já foram feitas outras mostras com admiradores confessos do universo bordaliano como Paula Rego e Querubim Lapa.
Para estabelecer esta relação entre Pomar e Bordalo, dois museus da Lisboa Cultura, o Museu Bordalo Pinheiro e o Atelier-Museu Júlio Pomar associaram-se à Galeria Ratton, juntando outras peças àquelas obras centrais, produzidas em cerâmica. “Juntámos obras das coleções dos dois museus com ligação a estas peças como por exemplo desenhos onde Bordalo “transveste as pessoas como animais”, exemplificou. A exposição “Pomar e Bordalo – Assemblages” poderá ser vista no Museu Bordalo Pinheiro até ao próximo dia 22 de junho.