Dos 21 votantes, 12 votaram a favor, oito abstiveram-se e uma pessoa votou contra

O Sporting Clube das Caldas realizou uma assembleia intercalar a 4 de Março para aprovar contas desde 2017 a 2019 e, deste modo, ter um documento que possa dar base aos apoios estatais, nomeadamente ao subsídio da Câmara. Entre os 21 votantes, o documento passou com 12 votos favoráveis, o que significa que o clube deverá retomar o funcionamento normal, pagando os salários em atraso

Com o futuro indefinido, o Sporting das Caldas tinha uma nova assembleia intercalar na noite de 4 de Março, na sede da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório. Na anterior reunião magna tinham sido chumbadas as contas, o que colocava em causa a continuidade da própria colectividade, uma vez que, sem contas aprovadas, não seria possível a associação receber apoios públicos.  Na assembleia, que juntou cerca de 30 pessoas, marcaram presença vários jogadores da equipa sénior. Antes da votação houve tempo para perguntas e para ler os documentos. Numa reunião em que se mantinham muitas das perguntas que vinham de anteriormente, Mário Pedro trouxe respostas. Mafalda Pedreira perguntou a que se referiam 19 mil euros de vendas e Mário Pedro disse que eram das tasquinhas e de uma receita com inscrições de atletas num torneio. Depois, entre outras perguntas, a associada quis saber ainda qual o valor mensal do clube em encargos. “Em média ronda os 7000 euros por mês”, sublinhou o presidente, esclarecendo que o contrato-programa com a autarquia suporta cerca de 4500 euros e o restante é obtido através de patrocinadores. As contas, referentes ao período entre Julho de 2017 e Dezembro de 2019, foram aprovadas, com 12 votos a favor, oito abstenções e um voto contra. As contas de 2017 a 2018 apresentam um resultado líquido negativo de quase 10 mil euros e as do período seguinte, que vão até Março de 2019, fixam perdas de quase 3 mil euros. De seguida, Francisco Matos disse que esta Comissão não tem capacidade para ter uma equipa unida, pelo que pediu a sua demissão. O mesmo questionou sobre a legalização dos atletas estrangeiros e quis saber porque é que não foi feita uma auditoria. Mário Pedro disse que sempre defendeu que se fizesse a auditoria, mas que o clube não tem dinheiro para pagar a um auditor externo. Em relação aos atletas estrangeiros, o presidente da Comissão Administrativa referiu que aguarda “a elaboração de um contrato de trabalho da parte do advogado” e que “a situação será regularizada”. Carlos Custódio congratulou-se com o facto de terem chegado a um consenso e lembrou que há três assembleias que questiona pelo valor recebido da Câmara. “Sei que o clube recebeu 20 mil euros de uma vez e mais 30 mil euros noutra, o que significa que se geriu uma época com o dobro do dinheiro que é normal”, disse. Sobre esta “guerra” dentro do clube, Carlos Custódio explicou que o que tem movido a anterior direcção é a reposição da verdade. “Foram dizer para a Câmara que tínhamos deixado 50 mil euros de dívidas e isso não é verdade”, exclamou, elencando depois as dívidas deixadas. Foram, segundo este, 4500 euros à Macron, mais de 2000 euros à A. Marques, mais de 900 euros à Novadis, cerca de 1400 euros à Penas Sport, 200 euros à AutoJúlio. Depois adicionou a estas um valor a rondar os 3000 euros e quis saber quais destas dívidas é que hoje estão pagas. Carlos Custódio apontou, ainda, ao presidente da mesa da Assembleia Geral, Mário Tavares, por estar “a querer gerir o clube da forma que acha correcta”. Mário Tavares lembrou que foi presidente do clube durante 30 anos e que nunca deixou uma dívida. E que quando se realizou a AG antecipada “tinha a certeza que os atletas iam sair. Depois um elemento da vossa direcção disse-me que tanto fazia ter equipa na 1ª Divisão como na 2ª ”, afirmou. Mário Tavares acusou ainda os membros da anterior direcção porque “fizeram coisas que não me agradavam como presidente da assembleia”, entre elas a venda de uma carrinha e o fim da secção de ténis de mesa, ambas decisões tomadas sem consultar os sócios. Rui Reis também disse estar satisfeito pelo consenso. “Há várias visões para o clube e, a mim, dar-me-ia muito mais gozo ter 200 ou 300 atletas de formação do que uma equipa sénior quase só com pessoas que não são daqui”, salientou o ex-presidente, notando que há três assembleias que se fala de eleições e que estas ainda não foram marcadas. Mário Tavares disse que “é impossível agora marcar eleições” e que ninguém iria pegar no clube, o que levou Carlos Custódio a voltar a apontar a Mário Tavares. “O professor não é o dono do clube”, afirmou, acrescentando que até acreditava que se a actual comissão fosse a eleições era eleita. Francisco Matos usou ainda da palavra para dizer que o valor pago aos treinadores em 2020 é o mesmo que em 2001, acrescendo o facto de agora os treinadores também terem responsabilidades directivas. António Ferreira, da comissão administrativa, fez questão de lembrar que “este clube é fundamental” e que “100 anos é um momento para agregar e fazer pontes”. E fez notar que estão previstos acontecimentos ao longo do ano para celebrar o centenário, entre os quais a gala do clube, a 16 de Maio.