Vendedores da Praça do Peixe vêem vantagem em juntar bancas de outros produtos alimentares no seu mercado

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O grupo dos vendedores que dá vida ao Mercado

Uns querem juntar os mercados outros pedem mais condições de estacionamento para os clientes

Maria João Maurício é uma das vendedoras do Mercado do Peixe que ainda chegou a vender na Praça do Peixe antiga pela mão da sua mãe. Ambas continuam a vender nas Caldas, têm duas bancas e trazem diariamente peixe da lota da Nazaré.
Como Maria João não quis prosseguir estudos, teve que seguir o caminho traçado pela mãe, na venda do peixe. Conta que hoje têm clientes certos. “Ao sábado temos vários clientes da região de Lisboa que se governam por cá pois não gosta de comprar peixe nos hipermercados”, contou a vendedora, acrescentando que alguns “até vêm de propósito”.
Durante a semana conta que têm “compradores de cá, que são certos e que apreciam peixinho bom da Nazaré e de Peniche”. Maria João Maurício tem 56 anos mas a sua única filha trabalha na área do turismo. Como tal, continua a vir todos os dias vender com a sua mãe, que tem 73 anos e vende peixe desde os 11.
Na sua opinião, o melhor era juntar as duas praças pois é assim noutras localidades. “Aqui só vem mesmo quem sabe e quem precisa”, disse a vendedora que se queixa da falta de sinalética na cidade que indique onde fica o Mercado de Peixe.
Alguma publicidade ou atividades de animação seriam bem vindas para trazer nova dinâmica ao espaço. “Um dos problemas principais foi terem deixado instalar-se tantos hipermercados, isso dá cabo do negócio”, disse . E os sacos que lhes deram para os clientes dizem apenas de um lado Praça da Fruta… “Fomos esquecidos…Custava assim tanto colocar Mercado Peixe do outro lado?”, questiona Maria João Maurício.
O caldense Joaquim Coutinho, de 77 anos, vende peixe há 40 anos na cidade. Diz que as pessoas que comiam peixe “já não estão cá” e que a maioria dos jovens “não sabe apreciar peixe e queixam-se que tem muitas espinhas”. Passou pela Praça de Peixe e, nessa altura, “vendia-se muito bem”, sobretudo porque “não existiam os grandes supermercados que abriram e já vão em 14”.
Joaquim Coutinho acha que faltam condições de estacionamento para os clientes, vários já foram multados “e depois já não voltam”. Os espaços vagos que o Mercado de Peixe agora tem “poderiam ter algumas contratadeiras da Praça da Fruta” e, desta forma, ficar com um mercado com oferta de mais produtos. “As Caldas merecia ter um mercado como deve ser!”, disse o peixeiro que vai todos os dias à lota da Nazaré. Conta que de Setúbal vêm quatro compradores, enquanto que, de Peniche, já lá vão seis compradores. As Caldas tem alguns restaurantes que ainda trabalham com peixe fresco e que Joaquim Coutinho fornece, assim como outros dois estabelecimentos de S. Martinho do Porto.
Maria Antónia Coutinho, 73 anos, que é da Nazaré já vende peixe nas Caldas há 35 anos. Na sua opinião as bancas que estão vazias poderiam ser ocupadas por outros vendedores de outros bens alimentares. Já Júlia Carepa, da Nazaré, vende peixe nas Caldas há 28 anos. “Eu vendo noutros mercados como Porto de Mós e na Batalha e têm tudo junto”, disse a vendedora que defende melhores condições de estacionamento para clientes e que fosse criado “um chamariz para atrair pessoas aqui ao mercado, que está um pouco decadente…”, referiu a vendedora de 63 anos. No caso da família Carepa, o futuro está assegurado pois o seu filho mais velho, de 42 anos, já trabalha na venda do peixe.
A vendedora Olga Costa só vem vender marisco aos sábados no Mercado do Peixe. Queixa-se de que há vários equipamentos que estão avariados e que fazem falta a quem vende. “Uma delas é a máquina de gelo que não trabalha há mais de um ano”, disse, acrescentando que as câmaras do frio também “não estavam a trabalhar como deve de ser”. E há falta de outros, pois “somos sete vendedores e só há quatro carrinhos”, referiu a vendedora .
“Noto que há algum desmazelo”, referiu a vendedora, que conta que o mercado “faz-se bem ao sábado”. No verão, vem todo o mês de agosto e conta que,durante a semana, “é fraco”.
Lembra que veio para este mercado, convidada pelo anterior presidente da Câmara “para fazer aqui a mostra dos mariscos da Foz do Arelho”. Os restantes vendedores, contou, não é suposto trazer mariscos mas, na verdade, de semana para semana “noto que os outros também trazem algum para vender”. Olga Costa, de 50 anos, além deste mercado faz outros em Santana, Pataias, Santana, Marinha Grande e S. Martinho do Porto. A sua filha não irá seguir esta área mas Olga e o marido dão emprego a, pelo menos, mais duas funcionárias que os ajudam a realizar os restantes mercados.
Cláudio Mata, nascido e criado nas Caldas, tem 52 anos e gostava que mais caldenses viessem comprar peixe ao mercado.
Depois gostava que a sua terra natal tivesse um mercado mais completo como há noutras, com estacionamento e com a venda de mais bens alimentares. “Nós estamos sozinhos neste espaço que parece um “buraco”!”, disse o vendedor que defende que o mercado poderia ter um café, uma padaria e vender alguma fruta. Também acha que deveria haver melhores condições de estacionamento para os clientes. Muitos já vêm do tempo em que seu pai também vendia e por isso hoje tem clientes antigos e também novos.
Cláudio Mata lamenta que haja tantos supermercados, que lhes fazem concorrência direta pois têm pelo menos estacionamento assegurado. Na sua banca já vem acompanhado pelo seu filho André Mata, de 23 anos. Já é a quarta geração da mesma família a vender o peixe. Na sua opinião, a solução poderia ser um mercado como existe noutras localidades e que junta “carne, peixe, frutas, legumes, comes e bebes e estacionamento com jeito”. Um mercado conjunto poderia ajudar a dinamizar aquele espaço. Para o jovem o facto de manterem bons clientes “é central para este negócio”. Mais do que clientes “são também amigos”.
Pai e filho dizem que “as pessoas quando vão aos supermercados são números. Aqui não. São o Manuel, a Francisca e a Ti Maria…E isso é muito diferente”, remataram. ■