Auto Leandro Santos viu na crise uma oportunidade para crescer

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Suzete e Leandro Santos fundaram a empresa em 1987. Os três filhos, Nuno, Cláudio e Marco tornaram-na uma das que mais automóveis usados vende no país. | D.R.
As instalações da Auto Leandro Santos incluem uma zona coberta de 5.000 m2 e um parque com capacidade para 400 viaturas | D.R.,
As instalações da Auto Leandro Santos incluem uma zona coberta de 5.000 m2 e um parque com capacidade para 400 viaturas | D.R.,

A Auto Leandro Santos está nas Caldas da Rainha há 29 anos, mas nos últimos cinco conheceu, em plena crise, um grande período de crescimento que a coloca entre as que mais automóveis comercializa a nível nacional. Neste período a empresa adquiriu e remodelou as novas instalações e quase triplicou as vendas e o número de postos de trabalho.

Nuno Santos, um dos três irmãos que gere a Auto Leandro Santos, Lda., juntamente com Marco e Cláudio, conta que o crescimento não foi planeado. “Aconteceu porque quando a crise chegou éramos uma empresa eficiente e soubemos aproveitar as oportunidades que o mercado proporcionou”, refere o empresário.

Quando a crise se abateu sobre o país, a previsão dos irmãos era que a Auto Leandro Santos também seria afectada nas vendas, mas tal não se verificou. “Previmos que a queda nas vendas seria drástica, mas subiram”, recorda. “A concorrência que estava descapitalizada deixou de ter acesso à banca e deixou de ter stock. E por cada 10 concorrentes que havia ficou um”.
O empresário diz que a crise no imobiliário também abriu a oportunidade de adquirir as instalações onde a empresa está desde 2013, que eram uma antiga fabrica de móveis (Móveis Vilela) e tem sido adaptada de forma gradual à actividade da Auto Leandro Santos. “Aos preços de hoje já não era possível adquirir este imóvel. Foi uma questão de estarmos atentos ao mercado e aproveitar as oportunidades”, realça.
O crescimento físico trouxe crescimento empresarial. O pavilhão que antes foi uma fábrica de móveis está agora dividido em três zonas distintas. Uma parte é a oficina de preparação dos automóveis. Outra parte é um salão de exposições, inaugurado em Outubro do ano passado. E há ainda uma terceira zona na qual os automóveis que chegam à empresa são recebidos, inspeccionados e direccionados consoante os trabalhos que necessitam, ou para o parque de exposição.
A oficina, que só trabalha para os carros que precisam de acondicionamento ou que estão dentro do período de garantia, faz tudo menos trabalho de pintura. “Para termos esse serviço o investimento era muito grande, é preferível pagar para o fazermos, trabalhamos com quatro ou cinco fornecedores”, refere Nuno Santos.
As novas instalações aumentaram de forma significativa a capacidade de stock da empresa e isso ajudou a projectá-la. Para além da venda directa ao cliente final, passou a fornecer também outros stands, em regime de consignação. “A venda a particulares aumentou em relação ao que vendíamos antes, mas hoje a grande parte dos negócios são para revenda”, conta Nuno Santos.
Apesar de não serem vendidos directamente pela Auto Leandro Santos, todos esses carros mantêm o padrão de qualidade associados à empresa. “Ao criarmos esta ligação a outros stands, crescemos e estamos no top 10 nacional a nível de compras e vendas, e também a nível de pesquisas online”, assegura Nuno Santos.

A exigência dos clientes é muito maior

O volume de vendas – que os responsáveis da empresa não revelaram – é cerca do triplo do que era há cinco anos. Os 14 colaboradores passaram para 33. Vender e preparar mais carros obriga a ter mais pessoal, mas este não é o único factor a contribuir para este crescimento.
“A exigência dos clientes é muito maior: o que se aceitava há cinco anos atrás, devido à competitividade que há hoje, já não se aceita. O carro não pode ter um risco que seja. Por isso vendemos usados como se fossem novos, senão o cliente foge para o novo”, sustenta o empresário.
De resto, acrescenta, hoje há uma relação directa de concorrência entre novos e semi-novos, devido à evolução do que os clientes procuram no segmento dos usados. Nuno Santos diz que, em 2011, a média de idade dos carros que tinha no stand era de quatro anos, hoje grande parte dos automóveis em stock têm dois anos. E até há carros com menos.
“Os clientes vão aumentando a exigência e nós vamos respondendo, mas não sei onde isto vai parar”, desabafa.
Parte do segredo é ter mais stock do tipo de automóveis que estão a ter mais saída. No entanto, desde que o automóvel tenha qualidade e um bom preço, consegue vender-se.
Com as actuais instalações, a empresa tem capacidade para ter 400 automóveis em stock, embora o actual inventário esteja pela metade, cerca de 200. “Não compensa ter mais, porque isso implica que os carros estejam parados e enquanto estão parados estão a desvalorizar”, explica Nuno Santos.
Por outro lado, quanto mais carros estiverem em exposição, mais tempo demoram a sair, o que também aumenta o risco do capital investido em cada viatura.

Internet é fundamental

A Auto Leandro Santos tem presença na internet desde que a grande rede se tornou um aliado dos stands de usados. A empresa tem um site próprio e está presente nos maiores portais, como o Auto Sapo e o Standvirtual, mas está a preparar um novo site que vai facilitar a pesquisa aos internautas, “Hoje a internet é fundamental, quase ninguém compra sem antes pesquisar online”, diz Nuno Santos. Com o novo site que está a ser desenvolvido será possível fazer uma pesquisa ainda mais personalizada do que actualmente.
Outro projecto que a empresa tem em mãos revela um lado altruísta do negócio e tem fins sociais. Por cada carro vendido a Auto Leandro Santos vai cativar uma verba para um fundo que vai servir, a partir de 2017, para ajudar pessoas e instituições necessitadas.
“A ajuda será material, não financeira, para instituições que precisem por exemplo de cadeiras de rodas, ou outro material específico, que vamos adquirir com o dinheiro que tivermos nesse fundo”, explica Nuno Santos.
Por outro lado, a empresa também costuma patrocinar eventos de colectividade, como é o caso da Maratona Cidade Caldas da Rainha em BTT, que se realiza no próximo dia 10 de Julho e que costuma trazer às Caldas centenas de participantes.