O título do livro vem do poema da página 93: «Basalto, /em ti deixei impressa /a Saudade/ a melodia entre o Mar e a rocha /a paleta de cor e tons…» Há ao longo deste volume de 174 páginas uma dupla inscrição: Natureza e Cultura.
De um lado a Natureza: «Se consultar /o dicionário da alma/impresso está /o encanto. /És mais do que a semente. /Para ti o Mundo/criado foi. /Toda a Natureza /o teu olhar espera.» Do outro lado a Cultura, as Letras e as Artes. Seja Domingos Rebelo e Tomaz Borba Vieira («Se os “Emigrantes” de Domingos Rebelo, pendurado numa das paredes do “Bureau de Turismo”, à guarda do Senhor Silva Júnior me fascinavam no meu tamanho de pigmeu na Vida e na Arte, agora idosa encontro-me diante dos “Regressantes” de Tomaz Borba Vieira. Dilatam-se as pupilas do meu olhar»), seja Lagoa Henriques («Mestre, porque se esconde a sua assinatura na sola do sapato de Fernando Pessoa… Do Fernando Pessoa em bronze porque o de carne, o escrito…todos os dias vivo é e ambos sabem o que mais ninguém sabe.» ou Raul Brandão («As Ilhas desconhecidas mostram bem o teu amor à Natureza por Deus criada») ou ainda António Rego: «Sentei-me no quarto/da minha alma/e perplexa fico /com o seu texto./ Afirmo com/a força do Mar/a cor da lava./A Beleza habita /em si /não em mim. /Agora sei /a cascata/não canta, reza/ As hortênsias /eternas são/ É o mar quem escreve. /A luz que pela janela entra/ a brilhar deixa /o pó que em mim habita. /O orvalho sois Vós/ Senhores das Brisas.»
O poema da página 54 pode ser lido como mensagem final: «Perdão Pintura! / Perdão Desenho! /Escrava vossa sou. / Mas em liberdade /o Poema flutua».
(Editora: Letras Lavadas, Prefácio: Carlos Melo Bento, Capa; Pedro Garoupa, Palavras de: Anabela Almeida, Vamberto Freitas, Jaime Gama e João Bernardo Rodrigues).