O historiador e especialista em museologia, Sérgio Gorjão, ocupa desde início de Março o cargo de secretário executivo da Comissão Nacional da UNESCO. Natural do Estoril, veio viver para Óbidos em 1995, altura em que começou a trabalhar na autarquia e onde desenvolveu alguns dos projectos culturais mais relevantes das últimas décadas
Nos últimos anos esteve envolvido na candidatura de Mafra a Património Mundial (inscrito na lista em Julho do ano passado) e acredita terá sido este seu trabalho que o fez chegar mais directamente a este “serviço altamente prestigiado”, contou à Gazeta das Caldas.
A ligação de Sérgio Gorjão a Mafra é grande e não esconde que a preparação da candidatura foi um “desafio absolutamente extraordinário” na sua vida profissional, a que se dedicou “intensamente e com muito prazer” ao longo de três anos. “Tal como me mantive ligado a outros sítios por onde passei, desejo manter uma relação estreita com Mafra e, em particular, com o palácio e restantes entidades que operam no contexto do Real Edifício”, refere.
De resto, Mafra já lhe interessava há muitos anos. Sérgio Gorjão participou activamente nas publicações do Boletim Municipal, foi coordenador dos serviços de cultura daquela autarquia entre 2000 e 2002 e, posteriormente, desenvolveu a parte curricular de doutoramento em Arquitectura, na área de teoria e história (estando a desenvolver uma tese no âmbito da gestão patrimonial aplicada ao caso específico do Palácio Nacional de Mafra).
Agora, nas novas funções de secretário executivo da Comissão Nacional da Unesco, acompanha os processos desenvolvidos por esta entidade que, neste período de pandemia, tem adaptado os serviços e está a tomar uma maior atenção às áreas da educação e da comunicação. “É ainda muito importante o investimento no âmbito do património natural e cultural, que para mim se afiguram como altamente estruturantes para as políticas de sustentabilidade económica e social, tanto mais evidentes devido à necessidade de uma retoma rápida e consistente num período pós pandémico”, sustenta.
A comissão nacional tem como funções a emissão de pareceres e recomendações relativas aos programas e actividades da Unesco, prestar a apoio a entidades nacionais, dinamizando redes escolares e científicas, clubes, cátedras, redes de cidades criativas e do conhecimento, geoparques, entre outras. É também responsável pela coordenação das candidaturas à lista do Património Mundial, Cultural e Natural, por acompanhar a promoção dos bens portugueses e os de origem portuguesa no estrangeiro, promover o respeito pelas boas práticas patrimoniais e, ainda, promover a inscrição de boas práticas ao nível do Património Cultural Imaterial.
FORTE LIGAÇÃO A ÓBIDOS
O historiador cita a designer de interiores Maria José Salavisa (também ela residiu na localidade), para referir que Óbidos é uma vila que “nos monta um cerco” para a vida e lembra os muitos amigos que ali tem.
O técnico superior da Direcção Geral do Património Cultural, trabalhou em Óbidos entre 1995 e 2000, tendo depois regressado
em 2009 e 2014-15. Quando questionado sobre o que destacaria do período em que ali trabalhou, hesita em responder, mas recorda a importância das intervenções de conservação e restauro do património histórico e artístico, pelo qual se bateu durante vários anos.
Lembra com “especi