Turismo do Oeste “sem entusiasmo” na BTL

1
542
Notícias das Caldas
D.R.

A meses de ser reestruturada, a entidade regional de turismo do Oeste voltou a marcar presença na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que decorreu entre os dias 27 de Fevereiro e 3 de Março.
António Carneiro, presidente do Turismo do Oeste, conta que participou no certame sem entusiasmo, fruto da incerteza dos destinos deste pólo turístico. O responsável lembra que o governo anunciou a reestruturação das entidades de turismo em Agosto de 2011 e que em Março de 2013 ainda nada foi decidido.
No entanto, a vida deste pólo tem-se complicado porque a sua receita sofreu um corte de 53% em relação a 2012 e até à data, “ainda não recebemos um tostão”, contou à Gazeta das Caldas.
“Isto é a maior das desonestidades políticas e intelectuais que se possa imaginar, que é não ter coragem para os extinguir e matá-los, asfixiando-os financeiramente”, denunciou António Carneiro, que sabe que há entidades que “mendigaram” à direcção da FIL para só pagar 20%, da totalidade necessária para poderem desmontar os seus stands.
O Turismo do Oeste este ano optou por não ter um pavilhão institucional, ao contrário do que aconteceu com as restantes regiões de turismo que tinham representações concelhias, e focar o apoio na participação de 26 empresas da região. Na área Portugal Golf Show, o Oeste esteve representado num espaço de 54 metros quadrados, decorado com imagens do produto golfe, resorts e turismo residencial.


A nível da gastronomia o Oeste foi uma das poucas regiões presentes, com o restaurante Estelas de Peniche a mostrar a oferta gastronómica local, embora com maior enfoque nos pratos de peixe.
Os 12 municípios e a OesteCIM asseguram asseguraram a presença de animação, provas de licores e vinhos, fruta, mel, queijos, doçaria, artesanato e música.
“Decidimos gastar metade do valor do ano passado [cerca de 28 mil euros], mas pôr o investimento feito ao serviço das empresas”, disse António Carneiro, acrescentando que  ofereceram um stand aos campos de golfe, com imagens dos vários empreendimentos, mas que, “infelizmente, nem todos passaram por lá”.  No que respeita ao espaço onde as empresas se concentraram sob o chapéu do Oeste, estas comparticiparam em 30% do custo. Também a OesteCIM comparticipou em 30% o custo da participação na BTL, uma parceria que já vem de anos anteriores.
“Se as coisas correrem muito mal no futuro, temos um plano C com a OesteCIM para que a marca Oeste não desapareça”, concretiza António Carneiro que, no primeiro dia de certame falou com o ministro da Economia, Álvaro Pereira, e percebeu que este “não está por dentro do que se passa e está a receber ordens de Miguel Relvas”.
O responsável realça que o problema do turismo é crónico pois é um sector que sempre esteve em crescimento e não causa dificuldades políticas nem sociais. “O problema do turismo nunca aflige o Conselho de Ministros”, realçou.
Também André Macedo, secretário executivo da OesteCIM, diz estar preocupado com a reestruturação das entidades regionais e defende que o Turismo do Oeste devia ainda ter mais força para afirmar esta região. Na sequência da moção aprovada em Assembleia intermunicipal, estava prevista para a passada quarta-feira, uma audiência com a Comissão de Economia e Obras Públicas da Assembleia da República, para abordar este assunto.

Empresários satisfeitos com presença no certame

O Espaço Oeste juntou 22 empresas e um balcão de atendimento que mostra as “Ondas do Oeste” que levaram a região a todos os cantos do mundo. Entre os vários participantes estava o Real Abadia – Congress & Spa Hotel, que irá abrir portas a 4 de Abril, em Alcobaça. O empreendimento, de quatro estrelas e com inspiração em Cister e nos amores de Pedro e Inês, possui 32 quartos, todos eles temáticos e quatro suites dedicadas a quatro grandes amores: Adão e Eva, Pedro e Inês, Romeu e Julieta e D. Quixote e Dulcineia.
O hotel terá spa, uma vertente congresso, um restaurante com cozinha de autor e também alimentação especifica para celíacos. “Estamos a preparar-nos para termos o Ecolabel (rótulo ecológico da União Europeia), o que faz de nós um hotel amigo do ambiente”, explicou Joana Leão, responsável pelo Health e Spa do Real Abadia.
A responsável considera que a divulgação no certame foi muito proveitosa e que o empreendimento “conseguiu captar a atenção e marcar pela diferença”.
O facto das empresas estarem juntas “é bom pois mostra um Oeste rejuvenescido e coeso, uma zona de Portugal que ressurgiu e que se está a fortalecer em termos de oferta turística”, considera Joana Leão.
Também presente na BTL esteve este ano pela primeira vez a Vale Paraíso Camping, um parque de campismo situado na Nazaré, a dois quilómetros da Praia do Norte e do centro da vila. Com uma área de 10 hectares, a empresa disponibiliza diversos tipos de alojamento, como apartamentos, chalets, bungalows e teepees, assim como campismo e caravanismo, com uma capacidade máxima de 1200 pessoas.
Marisa Pimenta, da empresa Vale Paraíso, conta que é a primeira vez que participam e promovem o parque de campismo, aproveitando também a projecção mediática trazida pela “onda” da Nazaré.
A responsável destaca também a importância de estarem juntos porque as pessoas procuram muito a zona e, desta forma, podem encontrar toda a oferta da região.
A Quinta do Sanguinhal também voltou a participar no certame para promover os seus vinhos e a vertente de enoturismo. Ana Reis considera que dias dedicados aos profissionais são os que lhes trazem mais retorno, aproveitando também o evento para se encontrarem presencialmente com os operadores e agências com quem costuma contactar apenas por telefone.
Considera que actualmente as feiras acabam por sofrer de uma “concorrência desleal” das redes sociais e da internet, onde a informação acaba por estar actualizada ao momento. Destaca que esta é uma forma de conhecer o público que está interessado nos seus vinhos e programas de enoturismo, até porque este é um produto que “está na moda e as pessoas têm curiosidade em conhecer as caras que estão por detrás das garrafas que vão consumindo”. Para Ana Reis faz todo o sentido estarem no espaço dedicado ao turismo do Oeste, pois junta as empresas e ajuda a promover este destino como um todo. “Temos que nos unir, somos muito pequenos e se não nos unirmos não temos expressão”, defende.
Ana Reis dá ainda o exemplo da empresa que representa e que, tendo o enoturismo a funcionar, não tem capacidade de alojar as pessoas, pelo que faz todo o sentido estarmos ao lado de parceiros com quem trabalhamos no dia a dia. “Facilmente conseguimos arranjar um pacote mais apelativo para quem nos quer visitar”, concretiza.
Presentes estiveram, entre outras empresas, o Parque dos Monges, o Hotel Real d’Óbidos, o Hotel Rio do Prado, Casal da Eira Branca, Hotel Soleil Peniche e a Surf Academy.

Empresas oestinas participam no SISAB

A OesteCIM, juntamente com os 12 municípios do Oeste, participou pela primeira vez no SISAB Portugal – Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas, que decorreu na FIL entre os dias 25 e 27 de Fevereiro.
No certame estiveram 35 empresas do Oeste entre as 400 participantes de todo o país. Este ano funcionou como uma experiência e no próximo a comunidade intermunicipal quer voltar, “mas a apoiar as empresas, num trabalho integrado”, explica André Macedo, secretário executivo da OesteCIM.
Esta presença teve por objectivo dinamizar a marca este Portugal, uma rede de escala regional de apoio ao desenvolvimento económico e social.
Com esta marca pretende-se definir uma visão focalizada de toda a região, que promova o desenvolvimento interno e a sua capacidade de afirmação externa. Procura ainda possibilitar um “agilizar e flexibilizar de procedimentos e processos”, explica o responsável, adiantando que  a marca foi definida e aprovada entre os 12 municípios e pelo Turismo do Oeste.
André Macedo salienta que o objectivo é que a marca não seja vista numa lógica de promoção turística, mas de promoção do território como um todo, ligado às empresas, empreendedorismo e trabalho em rede. “Queremos criar atractividade para novas empresas na região e que mais pessoas nos venham visitar, mas temos que criar um modelo de competitividade”, sustenta o responsável.

1 COMENTÁRIO